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Com foco no enfrentamento à violência doméstica, o 2º Batalhão Maria da Penha será inaugurado na cidade de Goiás na tarde desta quarta-feira, 3. Esses batalhões especializados são comandados por oficiais mulheres e a equipe têm mais policiais mulheres, além de realizar cursos e especializações nas áreas de violência doméstica. Com a inauguração, a Polícia Militar (PM) marca a descentralização dos batalhões (antes concentrados em Goiânia).

Ao Jornal Opção, o presidente da Associação dos Oficiais da Polícia e Bombeiro Militar do Estado de Goiás (ASSOF-GO), Coronel Cardoso, disse que este batalhão será responsável pelas medidas protetivas, restrições de aproximação para agressores. “Os policiais que fazem essas medidas, realizam visitas, monitoramento às casas das assistidas, realizam palestras, orientações com relação a essa temática”, disse. Ele explicou que as viaturas sempre são compostas por um homem e uma mulher, ele pela força física e ela pela empatia com a vítima. 

De acordo com o Atlas da Violência 2025, entre 2013 e 2023, a taxa de feminicídios teve uma redução de 25,5%. Essa diferença se acentuou nos últimos cinco anos: de 2018 a 2023, a taxa de homicídios de mulheres caiu 18,6%. 

“A violência contra a mulher é muito complexa, porque ela ocorre na maioria das vezes dentro de casa, num local onde a polícia não tem acesso a não ser que ela seja acionada. Quando ela chegar a ocorrer na rua, o homicídio, alguma coisa mais grave, é porque anteriormente, por diversas vezes, talvez essa mulher já foi agredida dentro de casa e isso não chegava ao conhecimento da polícia”, afirmou o coronel. 

Segundo ele, os números já foram mais subnotificados, mas o poder público tem incentivado as mulheres a denunciar, com políticas que demonstram a necessidade de denunciar o agressor. “Quando a gente bate mais naquilo ali e fala que você tem que denunciar, no primeiro momento vai haver um aumento. Não é que o crime não ocorria, é que ele era subnotificado”, disse. 

Ele também defendeu que a Justiça não solte agressores reincidentes. “A questão da Justiça e a questão da polícia, há uma diferença. A polícia faz um retrabalho, é comum a polícia militar conduzir o mesmo agressor por diversas vezes e esse agressor ser solto por diversas vezes. Ou seja, não foi a polícia que falhou ali, foi o judiciário e a legislação […] por exemplo, em Aparecida de Goiânia, recentemente, uma mulher foi emboscada e assassinada por um homem que já tinha sido preso mais de cinco vezes pela polícia militar e estava nas ruas”, afirmou.

Contando com as novas unidades especializadas previstas, os batalhões vão atuar em: Goiânia, cidade de Goiás, Águas Lindas de Goiás e Rio Verde, que atenderão suas regiões. O 2º Batalhão Maria da Penha é comandado pela major Patrícia Botelho Adorno; o de Rio Verde foi assumido pela major Dayse Pereira Vaz Veiga; enquanto a unidade de Águas Lindas ficou sob a chefia da major Karina Nunes dos Santos.

Outras unidades – não especializadas – continuam com o trabalho ordinário da PM. Para o coronel, essa descentralização também representa para as mulheres que existe amparo da polícia.

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