PM de Goiás cria protocolo rígido para proteger saúde mental de policiais
17 novembro 2025 às 11h47

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O comandante-geral da Polícia Militar de Goiás, coronel Marcelo Granja, afirmou em entrevista ao Jornal Opção que a corporação tem ampliado as ações de cuidado com a saúde mental dos policiais militares, diante do alto nível de estresse envolvido na atividade. “Criamos um protocolo rígido para proteger a saúde mental de nossos policiais”, destaca Granja.
Segundo ele, a estrutura de atendimento tem sido reforçada nos últimos anos. “Temos, hoje, um Comando de Saúde voltado para a questão do cuidado com o policial militar. Tivemos, neste último concurso, mais de 50 profissionais aprovados na área da saúde, sejam eles odontólogos, médicos ou psicólogos”, destacou.
Granja explicou que a corporação também adotou novos protocolos para garantir acompanhamento psicológico imediato após situações de risco. “Editamos recentemente uma portaria que determina que, em todo confronto que envolve policiais militares, o comandante da unidade regional deve apresentar esse policial ao Comando de Saúde em até 72 horas. Isso é obrigatório”, afirmou.
De acordo com ele, o encaminhamento não é sinônimo de afastamento. “Trabalhamos com esse policial entendendo que, a partir do momento em que ele é encaminhado para a psicologia da Polícia Militar, não se trata de afastá-lo, mas de verificar seu bem-estar, inclusive para analisar se ele tem sido envolvido em vários confrontos”, explicou.
O comandante ressaltou ainda que a instituição dispõe de uma estrutura rara no país. “Temos um Hospital da Polícia Militar voltado para o profissional, para que ele tenha esse diagnóstico imediato. Estamos equipando esse hospital com os melhores recursos possíveis, e a PM de Goiás é uma das poucas forças de segurança pública que possui um hospital próprio para policiais e seus familiares”, observou.
Sobre o monitoramento de afastamentos relacionados à saúde mental, Granja disse que há acompanhamento permanente. “A partir do momento em que identificamos que um policial começa a apresentar alterações durante seu horário de folga, com a arma de fogo da instituição, nós o encaminhamos imediatamente para o Comando de Saúde, para avaliações psicológicas”, afirmou.
Quando necessário, a corporação adota medidas preventivas. “Identificando que ele necessita de tratamento, já editamos a portaria retirando a arma de fogo desse policial, visando o bem dele, de quem o cerca e o retorno ao tratamento específico”, explicou.
Ele reforçou que os casos que envolvem necessidade de apoio psicológico recebem atenção especial. “Estando sob posse de uma arma e com um problema psicológico, ele pode causar uma tragédia”, enfatizou.
Segundo Granja, a família tem papel fundamental no processo. “A família é muito importante na identificação dentro de casa, porque, se ele não apresentar alterações no serviço ou fora dele, a única forma de identificarmos é com a ajuda dos familiares, dos amigos e dos policiais que trabalham com ele”, disse.
O objetivo, segundo o comandante, é sempre preservar o bem-estar do servidor e da sociedade. “Todas essas são medidas necessárias para garantir o bem-estar psicológico desse policial, com o intuito de que ele possa retornar às suas atividades, após aprovação do Comando de Saúde, sem colocar em risco a vida da sociedade”, concluiu.
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