Planet Hemp acende a última chama: banda anuncia fim com turnê histórica pelo Brasil

17 junho 2025 às 20h05

COMPARTILHAR
O Planet Hemp, um dos grupos mais transgressores da música brasileira, anunciou oficialmente o fim de sua trajetória – mas promete fechar esse ciclo com estilo: uma turnê de despedida batizada de “A Última Ponta”, que cruzará o país entre outubro e novembro, passando por dez capitais. A turnê, que já nasce com clima de celebração e saudade, terá ingressos disponíveis a partir do meio-dia desta terça-feira, 18 de junho.
Formado atualmente por Marcelo D2, BNegão, Formigão, Nobru, Pedro Garcia e Daniel Ganjaman, o grupo carioca acende seu último baseado artístico num palco que mistura contestação, cultura urbana e crítica social desde os anos 1990. A frase que dá nome à turnê vem de um verso da música Queimando Tudo, lançada em 1997: “Eu continuo queimando tudo até a última ponta” – uma espécie de manifesto sonoro que sintetiza a atitude e a estética do Planet Hemp.
Desde que surgiu em 1993 e estourou com o clássico Usuário (1995), o grupo nunca passou despercebido. Pelo contrário: transformou-se num símbolo de resistência ao moralismo, levantando a bandeira da legalização da maconha, denunciando abusos policiais e enfrentando de peito aberto o conservadorismo da década de 1990. A ousadia custou caro: em 1997, os integrantes chegaram a ser presos sob acusação de “apologia às drogas”.
Em nota oficial, Marcelo D2 relembra esse papel de vanguarda:
“O Planet Hemp surgiu menos de 10 anos após o fim da ditadura militar. Fomos vanguarda ao falar da legalização das drogas. Mais do que a questão medicinal, abordamos o prejuízo social que a ilegalidade traz. Puxamos conversas que foram necessárias para a sociedade, levantando assuntos que nem podiam se falar nos anos 1990”.
Ao contrário do que se espera de um grupo underground, o adeus do Planet Hemp não será silencioso: acontecerá em grande estilo, com apresentações em estádios e arenas, formato típico das grandes estrelas do mainstream. Uma ironia para quem já foi tachado de “subversivo”, mas também um reconhecimento merecido por uma carreira que rompeu barreiras e moldou gerações.
A turnê deve seguir a pegada energética do show captado no álbum ao vivo Baseado em fatos reais – 30 anos de fumaça, lançado em 2024, que consolidou a força da banda ao vivo, com sua mistura feroz de rap, rock, hardcore e ragga.
Apesar do tom de despedida, o anúncio traz ares de espetáculo bem planejado – como manda o figurino da indústria. A turnê é promovida pela produtora 30e, responsável por grandes turnês no Brasil, e não seria surpresa se, nas próximas semanas, surgirem datas extras para atender à demanda dos fãs nostálgicos.
O Planet Hemp, afinal, nunca foi apenas uma banda. Foi movimento, foi protesto, foi provocação e, acima de tudo, foi trilha sonora para quem ousou pensar fora da caixa. E agora, ao “queimar a última ponta”, encerra sua jornada com a mesma intensidade com que a começou: fazendo barulho, provocando e reunindo multidões.
Serviço
- Turnê: A Última Ponta
- Capitais: Dez cidades brasileiras (datas e locais ainda a serem detalhados)
- Ingressos: A partir de 18 de junho, às 12h
Leia também:
Estudante brasileira é presa por imigração nos EUA após abordagem policial
Trump diz que sabe onde está líder supremo do Irã mas que não irá matá-lo “por enquanto”