Em artigo, o economista americano Paul Krugman, vencedor do prêmio Nobel de Economia de 2008, elogiou o sistema de pagamentos Pix. Krugman disse que o Brasil pode ter inventado o futuro de dinheiro com o sistema.

Ainda no artigo, Krugman criticou a aprovação do Genius Act nos Estados Unidos. A legislação é a primeira que trata de criptomoedas e foi aprovado no governo Trump, que é entusiasta de ativos do tipo. O economista diz que a nova lei americana “abre caminho para futuras fraudes e crises financeiras”.

Ele ainda disse que os EUA aprovaram uma lei que impede as autoridades americanas de criarem uma moeda digital do banco central (Central bank digital currency, ou CBDC). As moedas são inspiradas em criptomoedas mas possuem uma diferença fundamental, já que são centralizadas pelo Banco Central.

O artigo também se refere aos parlamentares republicanos que, segundo ele, alegam preocupações com privacidade para barrar a iniciativa, mas que sua verdadeira preocupação é que muitas pessoas optariam por ter moedas digitais do banco central, em vez de contas correntes em bancos privados.

“Mas e quanto à possibilidade de criar uma CBDC parcial? Poderíamos manter contas bancárias privadas, mas fornecer um sistema eficiente e público para fazer pagamentos a partir dessas contas?”, diz. “Sim, poderíamos. Sabemos disso porque o Brasil já o fez”, continua.

O Banco Central do Brasil estuda criar uma moeda digital para servir como alternativa ao real em papel e moeda, coexistindo entre elas. O primeiro passo para que isso aconteça, segundo analistas, seria o cadastramento da população no Pix.

“A maioria das pessoas provavelmente não considera o Brasil um líder em inovação financeira. Mas a economia política do Brasil é claramente muito diferente da nossa — por exemplo, eles realmente julgam ex-presidentes que tentam anular eleições”, escreve Krugman.

“O Brasil, de fato, planeja criar uma CBDC. Como primeiro passo, em 2020, o país lançou o PIX, um sistema de pagamento digital administrado pelo Banco Central.”

Krugman diz que entende que “o PIX é uma espécie de versão pública do Zelle, o sistema de pagamento operado por um consórcio de bancos privados americanos”.

“Mas o PIX é muito mais fácil de usar. E, embora o Zelle seja grande, o PIX se tornou simplesmente enorme, sendo usado por 93% dos adultos brasileiros. Parece estar rapidamente substituindo dinheiro em espécie e cartões”, diz.

“Outras nações podem aprender com o sucesso do Brasil no desenvolvimento de um sistema de pagamento digital. Mas os EUA provavelmente permanecerão presos a uma combinação de interesses pessoais e fantasias cripto”, conclui o economista.

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