Um levantamento divulgado nesta quarta-feira, 29, pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) aponta que a tarifa de 50% imposta pelos Estados Unidos sobre produtos brasileiro pode tirar R$ 789 milhões do Produto Interno Bruto de Goiás (PIB). A medida, anunciada pelo presidente Donald Trump, está prevista para vigorar a partir de 1º de agosto.

O estudo da CNI, elaborado em parceria com centros de pesquisa econômica, destaca que Goiás é um dos estados mais afetados proporcionalmente, com retração estimada de 0,23% no PIB. Isso coloca o estado entre as dez unidades da federação mais impactadas pela medida norte-americana, ao lado de grandes exportadores como São Paulo, Rio Grande do Sul e Paraná.

Somente em 2024, Goiás exportou US$ 408,5 milhões aos Estados Unidos, que ocupam a terceira posição entre os destinos das exportações goianas. Embora esse valor represente apenas 3,3% do total das vendas externas do estado, ele é altamente concentrado na importância da indústria de transformação, que responde por 94,5% das exportações goianas aos americanos.

Os principais setores impactados são o de alimento, com destaque para as carnes bovinas congeladas que exportam cerca de US$ 150,4 milhões por ano. O setor de metalurgia, em especial o ferroníquel, exporta cerca de US$ 87,3 milhões ao ano. Todos esses produtos estão sujeitos à nova tarifa recíproca de 50%, o que deve comprometer sua competitividade no mercado americano.

Goiás também mantém uma balança comercial ativa com os Estados Unidos no que diz respeito às importações. Em 2024, o estado importou US$ 648,4 milhões em produtos norte-americanos, principalmente: Máquinas e equipamentos (38,3%); Farmoquímicos e farmacêuticos (24,4%); Produtos químicos (12,5%).

A CNI alerta que, em nível nacional, a relação comercial com os EUA é fundamental para o dinamismo da indústria brasileira. Segundo o estudo, para cada R$ 1 bilhão exportado aos EUA, são gerados 24,3 mil empregos, R$ 531,8 milhões em massa salarial e R$ 3,2 bilhões em produção nacional.

O documento da CNI ressalta que os Estados Unidos mantêm superávit comercial com o Brasil há mais de 15 anos, acumulando US$ 91,6 bilhões apenas em bens na última década. Quando se inclui o comércio de serviços, esse número sobe para US$ 256,9 bilhões.

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