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A Polícia Federal (PF) abriu investigação para apurar a possível ligação do crime organizado com a adulteração de bebidas alcoólicas com metanol em São Paulo. A medida, confirmada por fontes do governo federal ouvidas pela CNN, será detalhada em coletiva do Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP) nesta terça-feira, 30, em Brasília. As suspeitas ganharam força após nota da Associação Brasileira de Combate à Falsificação (ABCF), divulgada no último domingo, 28. Segundo a entidade, o metanol utilizado nas bebidas pode ser o mesmo empregado pelo Primeiro Comando da Capital (PCC) em fraudes envolvendo combustíveis.

A Anvisa informou que recebeu 16 notificações de intoxicação por metanol, sendo seis confirmadas e dez ainda em apuração em quatro municípios paulistas: São Paulo, São Bernardo do Campo, Limeira e Itapecerica da Serra. Até agora, três mortes foram confirmadas em decorrência da ingestão de bebidas adulteradas. O Ministério da Saúde determinou que todas as unidades de saúde sigam protocolos de notificação em casos suspeitos, reforçando a necessidade de atendimento ágil e acompanhamento clínico especializado.

Na segunda-feira, 29, o governo federal reuniu diferentes pastas para coordenar a resposta à crise. O encontro foi conduzido pela Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas (Senad), do MJSP, e envolveu ainda os ministérios da Saúde e da Agricultura e Pecuária.

Entre as medidas imediatas, ficou definido que:

  • a Senacon (Secretaria Nacional do Consumidor) emitirá alerta nacional aos Procons, orientando consumidores e fornecedores;
  • o Ministério da Agricultura reforçará a fiscalização sobre a produção e circulação de bebidas alcoólicas;
  • o Sistema de Alerta Rápido (SAR) continuará monitorando e atualizando dados sobre intoxicações.

O MJSP também publicou nota técnica com recomendações urgentes a estabelecimentos e consumidores:

  • verificar lacres e rótulos, atentos a sinais de falsificação;
  • desconfiar de erros de impressão nas embalagens;
  • evitar a compra de bebidas com preços muito abaixo do mercado;
  • priorizar fornecedores de confiança e exigir rastreamento do produto.

A pasta destacou que o combate à adulteração exige ação conjunta entre governo, setor privado e sociedade, para reduzir riscos e responsabilizar organizações criminosas envolvidas no esquema.

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