PF aponta lavagem de R$ 5 bilhões em distribuidora ligada ao PCC; sócios usavam codinomes de Lula e Bolsonaro

04 setembro 2025 às 17h48

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Uma investigação da Polícia Federal revelou que a distribuidora de combustíveis Duvale, formalmente inativa desde 2017, foi usada como peça central em um esquema de lavagem de dinheiro ligado ao Primeiro Comando da Capital (PCC). Entre 2019 e 2023, a empresa teria movimentado pelo menos R$ 5 bilhões, segundo documentos obtidos pela Folha.
Embora o quadro societário formal permanecesse inalterado — com Celso Leite Soares como dono de 99% das cotas e seu irmão com 1% —, a empresa foi adquirida informalmente por Mohamad Hussein Mourad, o Primo, e Roberto Augusto Leme da Silva, o Beto Louco, entre 2019 e 2020. Ambos foram alvo de mandados nas operações deflagradas no mês passado, mas seguem foragidos.
Interceptações telefônicas e relatórios internos mostram que a Duvale era controlada por quatro sócios ocultos: Beto Louco (65%), Primo (15%), Celso Leite Soares (10%) e Daniel Dias Lopes (10%). A partir de 2022, os nomes reais foram substituídos por codinomes: “sr. Bolsonaro”, “sr. Lula”, “sr. Ciro” e “sr. Obama”.
De acordo com a PF, a distribuição mensal dos lucros foi registrada entre agosto de 2020 e o início de 2023. As transferências eram operacionalizadas por meio de empresas de fachada, como a ML8 Serviços de Apoio Administrativo, em nome de Miriam Favero Lopes, esposa de Daniel.
A investigação aponta que Daniel Lopes e Miriam eram responsáveis por gerir o braço financeiro da operação. A ML8 transferia valores milionários para firmas fictícias ligadas a cada sócio oculto, sem emissão de notas fiscais ou registros de serviços.
Segundo a PF, o histórico da Duvale no setor de combustíveis deu aparência de legitimidade às movimentações bilionárias e reduziu o risco de alertas nos sistemas de controle.
Foragidos
Além de Primo e Beto Louco, Daniel Lopes, Miriam Favero Lopes e Celso Leite Soares também são considerados foragidos. A PF afirma que Lopes, ex-presidiário por tráfico de drogas, foi responsável por estruturar o esquema no Paraná, em ligação direta com facções criminosas de São Paulo.
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