Pesquisadora brasileira desenvolve caneta que detecta câncer em 10 segundos
10 dezembro 2025 às 17h28

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A química brasileira Lívia Schiavinato Eberlin, professora da Baylor College of Medicine, nos Estados Unidos, é responsável por uma das inovações médicas mais promissoras da última década. Ela criou a MasSpec Pen, dispositivo capaz de identificar, em apenas 10 segundos, se um tecido é saudável ou cancerígeno, diretamente durante a cirurgia, sem danos ao paciente.

O Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo, conduz o primeiro estudo clínico fora dos EUA com a tecnologia. A pesquisa é realizada em parceria com a multinacional Thermo Fisher Scientific, responsável pelo espectrômetro de massas que interpreta a leitura química captada pela caneta.
A MasSpec Pen funciona conectada a um espectrômetro. Durante a cirurgia, o médico encosta a ponta do dispositivo no tecido suspeito. Ele libera uma microgota de água estéril, que extrai moléculas da superfície. A amostra é aspirada imediatamente e analisada pelo equipamento, que identifica a composição química e determina se o material é tumoral ou não.
Segundo Eberlin, o processo é comparável a “fazer um café”: a água extrai moléculas, mas não danifica o tecido.
O método reduz o tempo e o risco das cirurgias oncológicas. Hoje, a avaliação intraoperatória depende do exame de congelação, que leva até 1h30 e pode distorcer a estrutura do tecido. A resposta instantânea permite maior precisão na retirada do tumor e evita recidivas.
Testes no Brasil
O Einstein acompanha 60 pacientes com câncer de pulmão e de tireoide. Estudos anteriores, publicados na JAMA Surgery, apontam acurácia superior a 92% na diferenciação entre tecidos normais e cancerígenos. A próxima etapa inclui tumores de mama, fígado e ovário.
O centro também investiga se a caneta pode identificar, em tempo real, o perfil imunológico do tumor, informação decisiva para tratamentos modernos como imunoterapia.
O espectrômetro Orbitrap 240, que integra o sistema, analisa moléculas ionizadas e cria uma assinatura química comparada a um banco de dados alimentado por inteligência artificial. É essa leitura que sustenta o diagnóstico instantâneo.
Trajetória e próximos passos
Campineira, formada pela Unicamp e com carreira construída em universidades norte-americanas, Lívia Eberlin comanda a MS Pen Technologies, startup que pretende comercializar o equipamento. Após a conclusão dos estudos clínicos, a tecnologia será submetida à aprovação da FDA, nos EUA, e futuramente à Anvisa.
“A ciência brasileira tem alcance global e pode transformar vidas”, afirmou a pesquisadora ao portal g1.
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