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Pesquisadores da Universidade de Montpellier, na França, em colaboração com o German Primate Center, aponta que, na maioria das espécies de primatas, machos e fêmeas têm igual capacidade de dominar uns aos outros, dependendo do contexto. As informações foram levantadas a partir da análise de informações de 253 estudos que abordaram relações entre os sexos em 151 populações de 84 espécies de primatas.

De acordo com a pesquisa, na maioria das espécies, machos e fêmeas disputam espaço de forma equilibrada, com vitórias e derrotas para ambos os lados. Em muitos casos, é a fêmea que ocupa o topo da hierarquia.

“Enquanto os machos primatas conquistam poder por meio de força física e coerção, o empoderamento das fêmeas se dá por estratégias alternativas, como o controle reprodutivo para decidir sobre o acasalamento”, afirma Élise Huchard, autora principal do estudo e pesquisadora em comportamento de mamíferos na Universidade de Montpellier.

O levantamento aponta que apenas 25 populações de 16 espécies os machos venceram todas as disputas registradas. Nas mesmas proporções, 20 populações e 16 espécies, as fêmeas saíram vitoriosas em todos os confrontos.

Já nos demais grupos, as relações de poder variavam de acordo com fatores como ecologia, estrutura social e até o contexto em que os indivíduos estavam inseridos.

“Pesquisas recentes começaram a desafiar a visão tradicional de que a dominância masculina é o padrão. Nosso trabalho oferece uma análise mais ampla sobre a variação nas relações de dominância entre os sexos”, explica Peter Kappeler, coautor do estudo e diretor de ecologia comportamental no German Primate Center.

Os dados apontam que os mecanismos por trás desse equilíbrio são diversos. Em espécies terrestres, onde os machos são maiores e acasalam com múltiplas fêmeas, eles tendem a exercer mais controle. Em populações monogâmicas que vivem em árvores, fêmeas tem mais liberdade para evitar confrontos e conseguem impor limites.

As descobertas sugerem que a luta por poder não é exclusiva dos machos e que fêmeas possuem ferramentas de influência para o grupo. Os especialistas afirmam que o sucesso social parece depender de estratégias adaptativas e de como cada sexo responde aos desafios do ambiente.

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