A pesquisa Genial/Quaest, divulgada nesta terça-feira, 26, mostra que a política externa passou a ser filtrada, de forma intensa, pelo viés ideológico dos eleitores brasileiros. O levantamento, que ouviu 12.150 pessoas entre 13 e 17 de agosto em oito estados, revela diferenças expressivas entre lulistas e bolsonaristas na forma de avaliar países como Estados Unidos, China, Israel, Rússia e Argentina.

Segundo os dados, 61% dos eleitores de Lula (PT) manifestaram opinião favorável à China, enquanto 76% dos apoiadores de Jair Bolsonaro (PL) disseram ver positivamente os Estados Unidos. Em contrapartida, 73% dos lulistas rejeitam Washington, e sete em cada dez bolsonaristas têm visão negativa de Pequim.

O levantamento também confirma uma tendência recente de que a imagem da China melhorou entre os brasileiros em geral, passando de 38% de percepção positiva em fevereiro de 2024 para 49% neste mês. Já a popularidade dos EUA despencou: 58% de opinião favorável em fevereiro contra 44% agora, enquanto a rejeição subiu de 24% para 48%.

Israel perde apoio e registra pior índice desde início da guerra em Gaza

O levantamento mostra ainda que a percepção sobre Israel sofreu queda acentuada desde outubro de 2023, quando 52% dos brasileiros viam o país de forma positiva. Hoje, apenas 35% mantêm essa visão, enquanto metade (50%) declarou opinião desfavorável — um aumento de nove pontos em relação a fevereiro deste ano.

Entre lulistas, a rejeição chega a 61%, e entre bolsonaristas, a aprovação é maioria (57%), mas em queda em relação a sondagens anteriores.

Rússia e Argentina

Três anos após o início da guerra na Ucrânia, a Rússia segue mal avaliada. A rejeição ainda é alta (59%), mas menor do que em fevereiro (62%). Já a percepção positiva subiu de 16% para 25%.

A Argentina de Javier Milei aparece em situação de empate técnico: 42% dos brasileiros têm visão favorável e 40% desfavorável. Apesar disso, entre os bolsonaristas o país vizinho é mais bem visto (48% favorável), enquanto entre lulistas a taxa é menor (40%).

Impacto da política interna e religião

O estudo também analisou a opinião conforme a decisão de voto em 2022. Entre os que escolheram Lula no segundo turno, a rejeição aos Estados Unidos disparou de 32% para 69%. Já os que votaram em Bolsonaro mantêm avaliação positiva de Washington (72%).

Outro recorte mostra a influência da religião: 52% dos evangélicos têm visão favorável a Israel, contra 36% de rejeição.

A pesquisa ouviu 12.150 pessoas, com 16 anos ou mais, entre 13 e 17 de agosto, em oito estados que representam 66% do eleitorado nacional. A margem de erro é de dois pontos percentuais, para mais ou para menos, e o nível de confiança é de 95%.

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