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Você já se imaginou jogando o celular da sacada de um prédio, mesmo sem motivo? Ou viu um animal fofo na rua e, logo em seguida, pensou em algo ruim acontecendo com ele? Já teve imagens sexuais inapropriadas passando pela mente nos momentos mais inoportunos? Se sim, saiba que você não está sozinho. Esse fenômeno tem nome: pensamentos intrusivos.

O que são pensamentos intrusivos

Pensamentos intrusivos são ideias, imagens ou palavras que surgem de forma espontânea e indesejada. Segundo o psiquiatra Dr. Luiz Scocca, do Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo (HCFMUSP), esse tipo de pensamento aparece sem aviso e costuma ser estranho ou até perturbador, muitas vezes indo contra os valores e crenças da própria pessoa.

Geralmente, os pensamentos intrusivos têm um conteúdo desconfortável, como temas agressivos, sexuais, mórbidos ou ilegais. Por isso, muitas pessoas se assustam ao tê-los, achando que há algo de errado com sua mente ou caráter. Mas, na verdade, esses pensamentos não dizem nada sobre quem você é.

Pensamentos intrusivos indicam algum transtorno?

De acordo com o Dr. Scocca, qualquer pessoa pode ter pensamentos intrusivos, e isso é completamente normal. Na maioria das vezes, eles são apenas alertas do cérebro, ativando um sistema de proteção para situações de risco. Por exemplo, ao imaginar-se caindo de uma ponte, sua mente está apenas tentando deixá-lo mais atento.

No entanto, quando esses pensamentos se tornam frequentes, repetitivos e causam sofrimento, é sinal de que algo pode estar errado. Nesses casos, é importante buscar ajuda médica, já que eles podem estar ligados a transtornos como ansiedade, depressão, transtorno obsessivo-compulsivo (TOC) e transtorno de estresse pós-traumático (TEPT).

Qual a relação entre pensamentos intrusivos e ansiedade

Embora o pensamento intrusivo por si só não seja considerado um transtorno, ele costuma estar associado a níveis elevados de ansiedade. O ser humano naturalmente imagina possíveis perigos como forma de se proteger. Mas, quando a ansiedade é patológica, esses pensamentos se tornam constantes, mesmo sem motivo real.

Existem teorias que associam os pensamentos intrusivos a experiências traumáticas, enquanto outras apontam para causas genéticas. A explicação mais aceita atualmente é que algumas pessoas têm maior predisposição genética ao aumento da ansiedade, o que favorece o surgimento desses pensamentos.

Por isso, eles aparecem em diversos transtornos relacionados à ansiedade, como o transtorno de ansiedade generalizada, TOC, TEPT e também na depressão.

Como lidar com pensamentos intrusivos

Se você tem pensamentos intrusivos frequentes, é importante saber que eles não definem quem você é e que não têm o poder de controlar suas ações. No entanto, se eles causam sofrimento ou prejudicam seu dia a dia, o ideal é buscar apoio profissional.

O tratamento dos pensamentos intrusivos depende do diagnóstico, mas geralmente envolve:

  • Terapia cognitivo-comportamental (TCC), que ajuda a identificar e modificar padrões de pensamento negativos
  • Terapias analíticas, que exploram o significado mais profundo dos pensamentos
  • Uso de medicamentos ansiolíticos e antidepressivos, quando há transtornos associados

Durante a terapia, o paciente aprende a reconhecer que esses pensamentos são uma produção natural do cérebro, que não refletem desejos reais e que não representam falhas morais.

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