“Peguei meus filhos nos braços e percebi que estavam mortos”, diz pai de menino sírio afogado
03 setembro 2015 às 16h53

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Em um depoimento emocionante, pai de Aylan Kurdi conta como foi os momentos desesperadores em que perdeu toda a sua família

Abdullah Kurdi, o pai de Aylan Kurdi — o menino sírio que se tornou um símbolo da crise migratória da Europa nos últimos dias –, contou os últimos momentos da vida de seus dois filhos, Aylan e Galip, e de sua esposa, Rehan. O homem afirma que agora, depois que perdeu toda a família, não tem mais a mínima vontade de ficar na Europa. “Tudo que eu quero é sentar ao lado do túmulo da minha esposa e dos meus filhos”, disse à agência de notícia Associated Press (AP).
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Aylan Kurdi, de apenas 3 anos, foi encontrado morto em uma praia na Turquia. Uma foto tirada pela AP foi difundida de forma massiva e comoveu o mundo. Em depoimento nesta quinta-feira (3/9), Abdullah Kurdi fala dos filhos, e afirma: “Eu peguei minha esposa e meus filhos nos braços e percebi que estavam todos mortos.”
O pai da criança contou que a última coisa que lembra foi quando saiu de um barco e uma hora depois entrou em outro com um homem turco. Eram 13 pessoas, contando o operador do barco. “Nós entramos no oceano por quatro minutos e então o capitão viu que as ondas estavam muito altas. Nós batemos o barco, ele se desesperou, mergulhou no oceano e fugiu. As ondas estavam muito altas e o barco virou.”
Ainda em entrevista à AP, Abdullah falou dos filhos. “Eram os mais maravilhosos do mundo. Eles me acordavam todas as manhãs para brincar com eles, mas agora se foram.” O homem disse ainda à agência de notícias turca Dogan tinham jalecos salva-vidas e que o barco afundou porque várias pessoas se levantaram. “Carreguei a minha mulher nos braços. Mas meus filhos escorregaram das minhas mãos”, disse.
De acordo com a AP, Abdullah Kurdi e a família tiveram um pedido de refúgio negado. Declarações do legislador canadense Fin Donnely à agência de notícias contam que a tia de Aylan, que vive perto de Vancouver, havia pedido que o Canadá recebesse seus parentes. As autoridades, conforme Donnely — que mediou o pedido — rejeitaram Aylan e a família porque não tinham vistos para sair da Síria e atravessar a Turquia.
