A Polícia Civil de Goiás deflagrou, nesta quarta-feira, 10, a Operação CriptoCar, destinada a desarticular um esquema interestadual de estelionato eletrônico e lavagem de dinheiro por meio de criptoativos. A ação cumpre 10 mandados de prisão temporária, 16 de busca e apreensão e determina o sequestro de bens avaliados em R$ 3,39 milhões em quatro cidades de São Paulo.

De acordo com o Grupo de Repressão a Estelionato e Outras Fraudes, da Deic, as investigações começaram após a fraude na venda de um veículo de luxo anunciada em plataforma digital. O prejuízo inicial, de R$ 530 mil, revelou a existência de outras vítimas em Goiás, São Paulo, Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Bahia.

Segundo a PCGO, o grupo utilizava engenharia social avançada para simular negociações legítimas. No caso investigado, criminosos se apresentaram como vendedores de uma Mercedes CLA45 AMG e criaram uma narrativa envolvendo indenização de empresa multinacional. Integrantes se passavam por representantes da empresa e por funcionários de concessionária, usando documentos adulterados e telefones com DDD das regiões onde ocorriam as fraudes.

As vítimas eram orientadas a transferir valores para contas de empresas intermediadoras vinculadas a corretoras de criptomoedas. Antes disso, os criminosos abriram contas fraudulentas nessas corretoras em nome das próprias vítimas, adulterando digitalmente documentos para burlar o reconhecimento facial.

Os valores recebidos eram convertidos imediatamente em Bitcoin. Depois, os ativos eram pulverizados para carteiras digitais privadas, enviados a empresas de balcão (OTC) e reconvertidos em dinheiro por doleiros especializados, que repassavam os recursos a empresas ligadas ao grupo, simulando licitude.

Um dos investigados movimentou cerca de R$ 56,9 milhões em seis meses, segundo o Laboratório de Tecnologia Contra Lavagem de Dinheiro da PCGO.

Estrutura

As investigações identificaram três núcleos de atuação:

  • Núcleo financeiro e operacional, responsável pela movimentação das criptomoedas e coordenação das fraudes;
  • Núcleo de lavagem, formado por doleiros de criptoativos e empresários que recebiam os valores “lavados”;
  • Fornecedores de identidade, que cediam suas imagens para abertura de contas fraudulentas.

Ao menos oito vítimas foram identificadas até o momento. Os mandados foram cumpridos em endereços residenciais e comerciais em Guarujá, Santo André, Mauá e São Paulo. Os 10 investigados terão indiciamento preliminar por estelionato eletrônico, associação criminosa e lavagem de capitais.

O sequestro de 5,854 Bitcoins tem como objetivo assegurar recursos para ressarcimento das vítimas e descapitalizar a organização.

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