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Presidente interino afirmou que senadores irão fazer uma avaliação política e não jurídica do processo de impeachment de Dilma Rousseff

De acordo com o presidente interino Michel Temer (PMDB) quanto mais o Senado demora a tomar uma decisão sobre o processo de impeachment da presidente eleita Dilma Rousseff (PT), pior é a situação para o país. Para ele, a aprovação do processo depende de uma avaliação política, e não jurídica.

Segundo a Reuters, nesta sexta-feira (29/7), Temer afirmou que o governo não pode interferir no cronograma e que os senadores irão avaliar as condições políticas do governo interino e compararem com as do governo de Dilma.

“Essa questão do impeachment no Senado não depende da nossa atuação. Depende da avaliação política –não uma avaliação jurídica– que o Senado está fazendo.”, afirmou. “Eu penso que o Senado vai avaliar as condições políticas de quem está hoje no exercício e de quem esteve no exercício da Presidência até um certo período.”

O presidente interino ainda buscou defender sua permanência, ressaltando a boa relação que tem com o Congresso e que, segundo ele, faltava à presidente eleita. “O que fizemos em 70 dias foi um avanço muito grande. Você não pode avançar num sistema democrático se não tiver uma conexão muito grande entre o Executivo e o Legislativo”.

Outro ponto destacado por Temer foi a retomada econômica do país. De acordo com ele, quanto maior a demora na avaliação do processo, mais prejudicial para o país, já que muitos investidores esperam o processo de agosto para saber como será o futuro do país.

G20

O encontro do G20 vem sendo programado pelo governo como a primeira grande viagem internacional de Michel Temer. Realizado nos dias 4 e 5 de setembro, na China, ele deve ocorrer logo após a votação do impeachment pelo Senado, prevista para o fim de agosto.

De acordo com Temer, se o impeachment não for votado até a data, ele deve enfrentar dificuldades de representar o Brasil no encontro e pode até desistir da viagem.

“O Brasil precisa sair desse impasse. O mundo precisa sair desse impasse. Eu vou ter alguma dificuldade, vou ter que examinar (se impeachment não for votado). A situação de interinidade não dá a mesma potência para o Estado brasileiro”, destacando que espera uma solução, independente se for a sua permanência ou a volta de Dilma Rousseff.

Corrupção

Sobre os escândalos de corrupção que abalaram o governo Dilma, do qual era vice-presidente, Temer reafirmou que não tinha participação ativa nas decisões. Quanto às acusações de que o PMDB teria recebido doações ilegais, o presidente afirmou nunca ter sabido de nada e que o partido recebeu “uma série de doações oficiais”.

“Nunca houve uma coisa que eu pudesse dizer ‘isso veio por fora’. Não é o tradicional ‘eu não sabia’. Não é exatamente isso. É que as doações que vinham entravam oficialmente no partido e saiam oficialmente. Eu não tinha a menor notícia de qualquer gesto de corrupção”, garantiu.