Para líder sindical, alterações no mercado de Gás só impactam empresários e não alivia bolso do trabalhador
24 julho 2019 às 09h29

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Petrobrás anunciou a redução em 9,8% do preço médio do GLP industrial, mas alteração não tem impactos no valor do gás de cozinha

O presidente do Sindicato de Empresas Revendedoras de Gás (Sinergás), Zenildo Dias, considerou que medida do Governo Federal que visa à redução do preço do gás natural não tem real impacto no bolso do trabalhador.
“Qual motivo nós teríamos para abaixar o preço? Ele não vai reduzir os impostos, vai baixar na Petrobrás, então não tem efeito para o consumidor simples. O que o Governo quer fazer é tirar o mercado das revendedoras e passar para as companhias”, disse ao destacar que, atualmente, em Goiás, há 4 mil empresas, que geram 12 mil empregos diretos no Estado.
“Deram um choque no gás e abaixou o preço para os empresários e não para os trabalhadores”, afirmou. Já que o impacto real será no GLP industrial e não no gás de cozinha.
Entenda
Na terça-feira, 23, a Petrobrás anunciou a redução em 9,8% do preço médio do GLP industrial, vendido nas refinarias em embalagens acima de 13 quilos. Os novos valores passam a valer partir desta quarta-feira, 24.
Trata-se da primeira modificação no preço do insumo desde 25 de abril, quando houve alta de 6%. Segundo a Petrobrás, a política de precificação do GLP tem como base o preço de paridade de importação, formado pelas cotações internacionais desses produtos mais os custos que importadores teriam, como transporte e taxas.
No entanto, como destaca Zenildo, o preço do gás de cozinha continua inalterado, com ajuste trimestral previsto para agosto. O valor, portanto, é menor do que o do GLP industrial, conforme resolução do Conselho Nacional de Política Energética (CNPE), por se tratar de interesse da política energética nacional a prática de preços inferiores.
O Governo Federal também lançou o programa Novo Mercado de Gás com o objetivo de combater monopólios do setor no País. Com isso, podem ser feitas mudanças nas regras para compra de botijões de gás.
O presidente da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), Décio Oddone, justificou que a regulação atual foi considerada por eles repleta de proibições e restrições.
De acordo com Oddone, os botijões residenciais hoje são vendidos em média a R$ 70. Assim, o custo do produto é de R$ 26, e os tributos representam R$ 12. “O restante são margens brutas de distribuição e revenda”, afirmou. A ideia, portanto, é revogar a diferenciação nos preços do gás de cozinha.
Quanto às “restrições”, ele citou, ainda, que o botijão residencial de R$ 13 o quilo tem um subsídio, mas todos os demais envasamentos não contam com o mesmo benefício. Outra mencionada é a que impede que um botijão de uma marca possa ser abastecido por um concorrente, que também pode ser mudada, segundo presidente.
“Isso não pode ser usado contra a modernização do setor. Mesmo em condições seguras, não é permitido engarrafamento de marca distinta”, disse. “Isso gera custos adicionais de logística. Está em estudo o botijão sem marca e o enchimento por outras marcas”, completou.