“Para dedurar, tem que ter o que dedurar”, diz Odebrecht sobre possível delação
01 setembro 2015 às 15h32

COMPARTILHAR
Presidente da empreiteira negou que tenha interesse em colaborar com a Justiça e evitou perguntas relativas ao envolvimento da empresa em irregularidades

Um dos presos da Operação Lava Jato, o presidente da Odebrecht, Marcelo Odebrecht, foi um dos ouvidos desta terça-feira (1/9) na CPI da Petrobras. Esquivo, o empresário se negou a responder perguntas relativas ao suposto envolvimento da empresa que comanda nos casos de corrupção na estatal, embora tenha respondido à algumas perguntas. “Gostaria de falar tudo o que sei, mas infelizmente estou amarrado pela questão do processo penal que corre paralelamente, inclusive com depoimentos de testemunhas de acusação”, afirmou ele.
[relacionadas artigos=”42925,43950″]
Perguntado se pretendia fazer um acordo de delação premiada com a Justiça, Odebrecht afirmou que isto não está em seus planos. “Para alguém dedurar, tem que ter o que dedurar, o que não é o caso”, afirmou ele. O delegado Waldir perguntou se ele tinha algum plano de fuga em função das investigações, ao que ele respondeu negativamente: “Jamais pensei nisso”.
Odebrecht também foi questionado sobre o possível envolvimento da presidente Dilma Rousseff e do ex-presidente Lula (PT) e negou que eles estivessem envolvidos em irregularidades. Ele afirmou que “é provável e natural” que eles tenham conversado sobre a empresa, mas “sempre foram conversas republicanas”.
O deputado Waldir Soares seguiu pressionando-o, questionando se era verdade o que a imprensa noticiou sobre o pai de Marcelo ter dito que, caso ele fosse preso, seria preciso construir também uma cela para Dilma e Lula. Ao que ele rebateu: “Senhor deputado, é muito perigoso falar em suposições. Eu tenho muito orgulho dos princípios morais que meu pai me transmitiu”.
Os parlamentares aproveitaram para perguntar sobre o patrimônio pessoal de Odebrecht, que foi listado como uma das pessoas mais ricas do Brasil pela revista Forbes. Segundo ele, a publicação confundiu seu patrimônio com o da empresa. “Na organização, a empresa é rica e a família é pobre. Nós temos um histórico de baixa distribuição de dividendos e de muito pagamento de impostos”, disse ele.
“Talvez nós gastemos mais com programas sociais que com distribuição de dividendos. Quando há um problema na Odebrecht, quem perde é a sociedade brasileira”, afirmou Marcelo. Ele também disse acreditar que a empresa sairá fortalecida das investigações. Por fim, quando questionado a respeito de doações empresariais, Odebrecht disse ser favorável.
Quem também seria ouvido pela CPI nesta terça-feira era o executivo César Ramos Rocha, que conseguiu um habeas corpus no Supremo Tribunal Federal e ficou em silêncio. Foi oferecida a ele a possibilidade de responder as perguntas em uma sessão secreta, mas mesmo assim ele preferiu permanecer calado.