Papa Leão XIV diz que Santa Sé não pode classificar situação em Gaza como genocídio

24 setembro 2025 às 15h31

COMPARTILHAR
O papa Leão XIV afirmou que a Santa Sé não pode, neste momento, definir se Israel está cometendo genocídio na Faixa de Gaza. A declaração foi feita em julho, durante entrevista à jornalista americana Elise Ann Allen, e publicada na última quinta-feira, 18, no livro “Leão XIV: cidadão do mundo, missionário do século XXI”, lançado no Peru.
“O termo genocídio está sendo usado cada vez mais”, disse o pontífice. “Oficialmente, a Santa Sé não acredita que possamos nos pronunciar sobre isso neste momento. Há uma definição muito técnica do que seria um genocídio, embora cada vez mais pessoas levantem essa questão”, acrescentou.
A fala ocorre em meio a acusações recentes de investigadores independentes ligados à ONU, que apontam Israel por supostos crimes com intenção de “destruir os palestinos”. O governo de Benjamin Netanyahu nega a acusação.
Durante a entrevista, o papa reconheceu a dificuldade da comunidade internacional em pressionar Israel por mudanças concretas, destacando até mesmo a limitação dos Estados Unidos. “Apesar de algumas declarações muito claras do governo dos Estados Unidos, e recentemente do presidente Trump, não houve uma resposta clara para encontrar formas eficazes de aliviar o sofrimento do povo inocente de Gaza. Isso é motivo de grande preocupação”, disse.
O pontífice afirmou ainda que “é horrível ver as imagens que vemos na televisão” e defendeu que não se pode ignorar a tragédia humanitária. “Precisamos continuar pressionando, tentando alcançar uma mudança lá”, reforçou.
Leão XIV já havia se manifestado publicamente em defesa da população palestina. “Transmito minha profunda solidariedade ao povo palestino de Gaza, que continua vivendo com medo e sobrevivendo em condições inaceitáveis”, disse após a audiência geral no Vaticano.
Fiel à tradição diplomática da Santa Sé, o papa reiterou a proposta de dois Estados como solução para o conflito e voltou a pedir cessar-fogo imediato e negociações diplomáticas.
A guerra em Gaza começou em 7 de outubro de 2023, após ataque do Hamas que deixou 1.219 mortos em Israel, em sua maioria civis. Desde então, a ofensiva israelense provocou mais de 65,1 mil mortes na Faixa de Gaza, segundo dados do Ministério da Saúde local, controlado pelo Hamas.
Leia também
Lula classifica situação em Gaza como “genocídio” em discurso na ONU