Na opinião dos entrevistados, aulas à distância não substituem educação presencial e prejuízos percebidos nos estudantes socialmente vulneráveis são maiores

Estudantes têm de se adaptar a nova rotina com as aulas em casa | Foto: Arquivo pessoal

Pesquisa Datafolha “Educação não presencial na perspectiva dos estudantes e suas famílias” revela que pais e responsáveis de estudantes de escolas públicas de todo o país acreditam que os estudantes estão sendo prejudicados na pandemia de Covid-19. Na opinião de 1.015 entrevistados, a necessidade de manter isolamento social não gerou alternativas satisfatórias para a socialização e educação dos estudantes.

A perda de aulas presenciais por um ano letivo trará diferentes prejuízos nas várias faixas etárias de alunos. Na opinião dos pais e responsáveis, as crianças em idade pré-escolar terão o seu desenvolvimento comprometido (65%), enquanto aquelas dos anos iniciais do Ensino Fundamental terão um atraso em seu processo de alfabetização e isso irá prejudicar seu aprendizado (69%). Em relação aos adolescentes, a percepção é a de que tenham problemas emocionais por causa do isolamento (58%) e que os alunos do Ensino Médio correm o risco de desistir dos estudos (58%).

Os prejuízos decorrentes da falta de aula presencial podem ser ainda maiores para os estudantes socialmente vulneráveis. Para 80% dos pais e responsáveis, eles correm o risco de ficar para trás por terem mais dificuldades para estudar em casa. A taxa dos que temem que seus filhos desistam da escola chegou a 35%. A diminuição da renda familiar é outro ponto de atenção: na pandemia a renda diminuiu para 47% dos entrevistados.

O reconhecimento da importância da retomada das aulas presenciais traz, em contrapartida, a insegurança e o temor sobre o contágio da Covid-19. Apenas 19% dos pais ou responsáveis disseram que ‘confiam muito’ na capacidade da escola de se adequar aos protocolos de segurança sanitária na reabertura.

Apenas 5% das escolas frequentadas por estudantes das famílias que participaram da pesquisa reabriram em novembro, das quais 60% com aulas regulares e 66% em alguns dias da semana. Mais da metade dos alunos não foi para a escola (57%) e 79% dos pais entrevistados disseram que receberam orientações sobre a reabertura. 

A pesquisa “Educação não presencial na perspectiva dos estudantes e suas famílias” foi encomendada pela Fundação Lemann, Itaú Social e Imaginable Futures, realizada com 1.015 pais ou responsáveis de estudantes das redes públicas municipais e estaduais, com idade entre 6 e 18 anos, no período de 16 de novembro a 2 de dezembro de 2020.