Paciente denuncia portões fechados em UPA que deveria funcionar 24 horas
 Cilas Gontijo
                    Cilas Gontijo
                
                29 outubro 2025 às 11h18

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Um leitor do Jornal Opção denunciou que precisou buscar atendimento médico às 5h da manhã desta terça-feira, 28, na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do Jardim Novo Mundo, em Goiânia, mas encontrou os portões fechados e acabou retornando para casa sem conseguir atendimento. A unidade, no entanto, deveria funcionar 24 horas por dia.
A reportagem esteve no local para verificar a denúncia e confirmou, por meio de relatos de pacientes, que os portões da UPA permanecem fechados duante a madrugada. Servidores ouvidos pela equipe — que preferiram não se identificar — afirmaram que a medida é adotada por questões de segurança.
“Não tem como deixar aberto. A gente tem medo de ser assaltado, como já aconteceu aqui. Pessoas entram e roubam até torneiras dos banheiros”, contou um servidor.
Outro trabalhador reforçou o clima de insegurança: “Eu não tenho coragem de ficar aqui com esses portões abertos, é muito perigoso. Colegas já foram assaltados aqui dentro.”
Questionada sobre a falta de agentes da Guarda Municipal durante a noite, uma funcionária desabafou: “Moço, a coisa mais difícil é a gente ver um deles aqui. Na verdade, eles só vêm quando são chamados — e, mesmo assim, quando chegam, quem tinha que apanhar já apanhou e quem tinha que morrer, já morreu.”
GCM reforça que papel da corporação em unidades de saúde é de policiamento, não de portaria
O comandante da Guarda Civil Metropolitana (GCM) de Goiânia, Gustavo Toledo da Silva Lima, esclareceu que o trabalho dos agentes nas unidades de saúde 24 horas tem caráter de segurança ostensiva, e não de controle de portaria ou fechamento de portões.
“Desconheço qualquer reclamação dos servidores dessas unidades. A viatura, a partir das 21 horas, já fica parada no local para garantir a segurança, não apenas dos funcionários, mas de toda a sociedade”, afirmou. Segundo ele, os guardas permanecem nas unidades e só se ausentam para atendimentos pontuais, retornando logo em seguida.
Toledo reforçou que o fechamento dos portões é de responsabilidade das próprias unidades. “Essa é uma obrigação da unidade de saúde, que possui funcionários para isso. Eles devem realizar o fechamento das entradas para evitar que veículos estranhos entrem e causem insegurança. Esse não é o papel da Guarda Civil Metropolitana de Goiânia”, destacou.
O comandante disse ainda que a orientação repassada às unidades é para que os portões sejam trancados após as 22 horas, como medida de segurança. “A GCM está à disposição da sociedade para garantir a proteção do bem público, do patrimônio e das pessoas, mas não para atuar como porteiro”, frisou.
Segundo ele, a corporação cumpre sua função conforme decisões do Supremo Tribunal Federal (STF), que reconhecem o papel das guardas civis como forças de policiamento preventivo. “Serviço de portaria não é serviço da Guarda Civil Metropolitana. O controle de acesso deve ser feito pela Secretaria Municipal de Saúde”, explicou.
Toledo esclareceu o porquê não existem guardas fixos em postos de saúde durante 24 horas. “A GCM aderiu ao sistema de monitoramento por câmeras e atua com rondas permanentes. Não temos efetivo suficiente para manter agentes em todos os postos de forma contínua — isso demandaria mais de 3 mil servidores e seria oneroso para o município”, pontuou.
De acordo com ele, o atendimento é garantido por meio do canal 153, pelas rondas operacionais e pelo contato direto entre diretores das unidades e os comandantes de área. “A Guarda Civil Metropolitana está presente, sim, e à disposição da população, finalizou.
SMS
A Secretaria Municipal de Saúde de Goiânia (SMS) informa que a UPA Novo Mundo oferece atendimento de urgência e emergência 24 horas por dia, sem interrupção.
A pasta ressalta que, entre 1h e 6h da manhã, o acesso à unidade é feito pela entrada lateral, por questão de segurança, sem prejuízo ao atendimento da população. A partir das 6h, a entrada principal é reaberta.
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