99 nomes, 121 mortos: a lista parcial que expõe contradições da Operação Contenção no Rio
01 novembro 2025 às 11h02

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A Polícia Civil do Rio de Janeiro divulgou uma lista parcial com 99 nomes identificados entre as vítimas da megaoperação conhecida como Operação Contenção, realizada na terça-feira, 28.
Segundo dados oficiais, a ação terminou com 121 mortos e 113 detidos, e mobilizou cerca de 2,5 mil agentes, uma das operações mais letais já registradas no país. Abaixo, os nomes divulgados pela Polícia Civil (lista parcial):
- Adailton Bruno Schmitz da Silva
 - Adan Pablo Alves de Oliveira
 - Aleilson da Cunha Luz Junior
 - Alessandro Alves de Souza
 - Alessandro Alves Silva
 - Alexsandro Bessa dos Santos
 - Alisom Lemos Rocha
 - Anderson da Silva Severo
 - André Luiz Ferreira Mendes Junior
 - Arlen João de Almeida
 - Brendon César da Silva Souza
 - Bruno Correa da Costa
 - Carlos Eduardo Santos Felício
 - Carlos Henrique Castro Soares da Silva
 - Cauãn Fernandes do Carmo Soares
 - Célio Guimarães Júnior
 - Claudinei Santos Fernandes
 - Cleideson Silva da Cunha
 - Cleiton Cesar Dias Mello
 - Cleiton da Silva
 - Cleiton Souza da Silva
 - Cleys Bandeira da Silva
 - Danilo Ferreira do Amor Divino
 - Diego dos Santos Muniz
 - Diogo Garcez Santos Silva
 - Douglas Conceição de Souza
 - Eder Alves de Souza
 - Edione dos Santos Dias
 - Edson de Magalhães Pinto
 - Emerson Pereira Solidade
 - Evandro da Silva Machado
 - Fabian Alves Martins
 - Fabiano Martins Amancio
 - Fabio Francisco Santana Sales
 - Fabricio dos Santos da Silva
 - Felipe da Silva
 - Fernando Henrique dos Santos
 - Francisco Myller Moreira da Cunha
 - Francisco Nataniel Alves Gonçalves
 - Francisco Teixeira Parente
 - Gabriel Lemos Vasconcelos
 - Gustavo Souza de Oliveira
 - Hercules Salles de Lima
 - Hito José Pereira Bastos
 - Jean Alex Santos Campos
 - Jeanderson Bismarque Soares de Almeida
 - Jonas de Azeredo Vieira
 - Jônatas Ferreira Santos
 - Jonatha Daniel Barros da Silva
 - José Paulo Nascimento Fernandes
 - Josigledson de Freitas Silva
 - Juan Marciel Pinho de Souza
 - Kauã de Souza Rodrigues da Silva
 - Kauã Teixeira dos Santos
 - Kleber Izaias dos Santos
 - Leonardo Fernandes da Rocha
 - Luan Carlos Dias Pastana
 - Luan Carlos Marcolino de Alcântara
 - Lucas da Silva Lima
 - Lucas Guedes Marques
 - Luciano Ramos Silva
 - Luiz Carlos de Jesus Andrade
 - Luiz Claudio da Silva Santos
 - Luiz Eduardo da Silva Mattos
 - Maicon Pyterson da Silva
 - Maicon Thomaz Vilela da Silva
 - Marcio da Silva de Jesus
 - Marcos Adriano Azevedo de Almeida
 - Marcos Antonio Silva Junior
 - Marcos Vinicius da Silva Lima
 - Marllon de Melo Felisberto
 - Maxwel Araújo Zacarias
 - Michael Douglas Rodrigues Fernandes
 - Michel Mendes Peçanha
 - Nailson Miranda da Silva
 - Nelson Soares dos Reis Campos
 - Rafael Correa da Costa
 - Rafael de Moraes Silva
 - Ricardo Aquino dos Santos
 - Richard Souza dos Santos
 - Rodolfo Pantoja da Silva
 - Ronald Oliveira Ricardo
 - Ronaldo Julião da Silva
 - Tiago Neves Reis
 - Vanderley Silva Borges
 - Victor Hugo Rangel de Oliveira
 - Vitor Ednilson Martins Maia
 - Wagner Nunes Santana
 - Waldemar Ribeiro Saraiva
 - Wallace Barata Pimentel
 - Wellington Brito dos Santos
 - Wellinson de Sena dos Santos
 - Wendel Francisco dos Santos
 - Wesley Martins e Silva
 - Willian Botelho de Freitas Borges
 - Yago Ravel Rodrigues Rosário
 - Yan dos Santos Fernandes
 - Yure Carlos Mothé Sobral Palomo
 - Yuri dos Santos Barreto
 
Segundo a Polícia Civil, entre os identificados, 42 tinham mandados de prisão pendentes e 78 apresentavam histórico criminal considerado “relevante”. Ainda restam corpos a identificar.
Levantamento do instituto AtlasIntel realizado entre 29 e 30 de outubro indica que a operação conta com apoio da maioria dos brasileiros (cerca de 55%), com aprovação ainda maior no Rio de Janeiro (aprox. 62%) e entre moradores de favelas cariocas (percentual reportado acima de 80% em alguns recortes).
Vítimas policiais
Entre os 121 mortos, quatro eram policiais, identidades já divulgadas pelas autoridades:
- Marcus Vinícius Cardoso de Carvalho, 51 anos, comissário da 53ª DP (Mesquita)
 - Rodrigo Velloso Cabral, 34 anos, da 39ª DP (Pavuna)
 - Cleiton Serafim Gonçalves, 42 anos, 3º sargento do BOPE
 - Heber Carvalho da Fonseca, 39 anos, 3º sargento do BOPE.
 
A operação tinha como um dos objetivos capturar líderes ligados ao Comando Vermelho, entre eles Edgard Alves de Andrade (conhecido como Doca), que seguiu foragido após a ação, segundo as autoridades.
A denúncia do Ministério Público que serviu de base à operação foi consultada por veículos e, conforme relatos, nenhum dos 99 identificados aparece na denúncia, fato que levantou questionamentos sobre a seleção dos alvos.
Como foi a operação
As forças estaduais mobilizaram aproximadamente 2,5 mil agentes para cumprir centenas de mandados de busca e prisão em áreas como os Complexos do Alemão e da Penha.
Organizações de direitos humanos e o Alto Comissariado da ONU criticaram o elevado número de mortos e classificaram a ação como desproporcional; defensores da operação apontam que a medida foi necessária para enfrentar o avanço de grupos armados.
O governo do RJ ainda não publicou a lista nominal das pessoas presas durante a operação. Dezenas de corpos ainda aguardam identificação pericial. Ainda não esclarecido também por que nenhum dos 99 identificados constava na denúncia usada como base da operação.
Críticas da ONU
O Alto Comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Volker Turk, pediu uma “reforma abrangente dos métodos de policiamento no Brasil”. Turk afirmou que compreende plenamente “os desafios de lidar com grupos criminosos violentos e organizados como o Comando Vermelho”.
No entanto, ele afirmou que “a longa lista de operações que resultam em muitas mortes, que afetam desproporcionalmente pessoas negras, levanta questões sobre a forma como essas incursões são conduzidas”.
Estima-se que 5 mil pessoas negras sejam mortas pela polícia a cada ano. Jovens negros que vivem em áreas empobrecidas são as principais vítimas.
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