Para Flúvia Amorim, flexibilização das atividades neste momento é um erro: “Chega um momento em que não se consegue ampliar mais a oferta de vagas”

A superintendente de Vigilância em Saúde da Secretaria de Estado da Saúde (SES), Flúvia Amorim, admitiu que as autoridades do setor temem que, na próxima semana, a ocupação de leitos de UTI por pacientes da Covid-19 nos hospitais da Grande Goiânia possa atingir seu limite.

“Chega um momento em que não se consegue ampliar mais [a oferta de vagas]. Se continuar aumentando o número de casos e a necessidade de UTI, nós vamos ter filas de pessoas aguardando leito”, afirmou Flúvia em entrevista à RBC.

De acordo com a superintendente da SES, não existe, no momento, uma estabilização no número de casos da Covid-19 em Goiás e no Brasil. Pelo contrário, tem sido registrado um aumento acelerado nas últimas semanas, com mais leitos hospitalares ocupados e menos leitos disponíveis para atender os pacientes da doença.

Goiás está, atualmente, com uma taxa de ocupação de 84% dos leitos de UTI. e, segundo informações, a rede particular estaria com uma situação bem parecida. Diante deste cenário, a superintendente critica o fato de os gestores municipais estarem flexibilizando as regras de funcionamento das atividades econômicas.

Isolamento e flexibilização

Desde março último, ressaltou Flúvia, as autoridades de saúde reforçam ser importante manter uma taxa de isolamento de 50%, aproximadamente, para que não chegássemos até final de junho, ou no mês de julho, com uma oferta de leitos menor do que a demanda, e pessoas aguardando uma vaga de UTI.

“A lógica é simples: quanto mais as pessoas tiverem contato umas com as outras, seja no comércio, em uma instituição ou na rua, mais vai aumentar o contágio. É simples assim”, argumentou a superintendente .

Para Flúvia, a flexibilização das atividades neste momento é um erro, como tem sido apontado nas reuniões do Centro de Operações de Emergência (COE). De acordo com ela, em nenhum lugar do mundo houve uma abertura com a curva dos casos da Covid-19 em ascendência.

A gente está deixando de lado uma grande prioridade, que é a vida

Só a partir de quando o número de casos da doença estabilizou e começou a diminuir foi que se adotou a abertura, de forma gradual e planejada. “A gente está deixando de lado uma grande prioridade, que é a vida”, destacou. Ponderou que estamos esquecendo que, se não houver acesso ao serviço de saúde na hora em que se precisa, e de UTI, o número de óbitos vai crescer.

A superintendente da SES reforçou ainda que todo local que tem aglomeração de pessoas é um grande risco, ao comentar a situação do transporte coletivo da capital. Segundo ela, não adianta as lojas terem regras, os shoppings adotarem controle sanitário e continuar havendo aglomeração de pessoas nos terminais e nos ônibus do transporte coletivo.