Obesidade entra na lista de fatores que podem barrar imigrantes nos EUA
16 novembro 2025 às 14h34

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Os Estados Unidos passarão a adotar critérios mais rígidos para a concessão de vistos de imigrante, incluindo a possibilidade de negar o documento a pessoas obesas ou que tenham filhos com deficiência ou necessidades especiais.
As novas diretrizes, enviadas às embaixadas e consulados americanos no início do mês, não se aplicam aos vistos de turismo ou negócios, como os B1/B2, mas apenas aos estrangeiros que pretendem se mudar de forma permanente para o país.
As instruções foram encaminhadas pelo secretário de Estado, Marco Rubio, que orientou que condições de saúde consideradas de alto custo, como a obesidade, sejam avaliadas durante o processo. Segundo o documento, pessoas com obesidade poderiam demandar “cuidados caros e prolongados”, o que, na avaliação do governo, justificaria a recusa do pedido.
Avaliação de dependentes com deficiência passa a influenciar decisão
O comunicado também determina que as representações diplomáticas analisem se o solicitante possui dependentes com “deficiências, condições médicas crônicas ou outras necessidades especiais” que exijam cuidados em grau capaz de comprometer sua capacidade de trabalhar nos Estados Unidos.
Com isso, o requerente poderia ser enquadrado como potencial “fardo público”, conceito usado há décadas pela política migratória americana para restringir a entrada de pessoas que possam depender de recursos governamentais.
As informações foram reveladas pelo site KFF Health News e confirmadas pela agência AFP por uma fonte que teve acesso ao memorando. O Departamento de Estado afirma que determinadas condições médicas como doenças cardiovasculares, respiratórias, câncer, diabetes e transtornos metabólicos ou neurológicos podem gerar despesas que chegam a “centenas de milhares de dólares”.
Contexto interno e justificativas do governo
Os Estados Unidos têm a maior população obesa do mundo, resultado de fatores como hábitos alimentares e sedentarismo. Aproximadamente 40% dos americanos são obesos, com índices ainda maiores em estados que votaram majoritariamente em Donald Trump nas últimas eleições. A atual administração republicana reforça uma política de contenção migratória, considerada uma das principais bandeiras eleitorais do presidente.
“Não é segredo que o governo Trump prioriza os interesses do povo americano”, afirmou Tommy Pigott, porta-voz do Departamento de Estado. Ele acrescentou que as políticas visam evitar que o sistema migratório represente um ônus para o “contribuinte americano”.
Além da nova orientação médica, o governo anunciou mudanças que também tornam o processo mais restritivo. Estudantes e intercambistas, por exemplo, agora devem tornar seus perfis de redes sociais públicos durante a análise do pedido. A taxa para emissão de vistos subiu de US$ 185 para US$ 250, e entrevistas presenciais passaram a ser obrigatórias para um número maior de requerentes.
Rubio também buscou cancelar vistos de estrangeiros cujas declarações fossem consideradas contrárias à política externa americana, incluindo posições sobre Israel.
As novas diretrizes ainda não têm data detalhada de implementação, mas já orientam as embaixadas na avaliação de casos futuros, ampliando o rigor do processo para quem pretende imigrar de forma definitiva para os Estados Unidos.
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