O abandono da agricultura familiar e a lição de Goiás ao governo federal
05 novembro 2025 às 11h29

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Sejam pequenos produtores rurais ou agricultores familiares, uma coisa é certa: o Governo de Goiás dá suporte a toda a cadeia produtiva. Em parceria com pastas e autarquias que atuam na área — como a Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa) e a Agência Goiana de Assistência Técnica, Extensão Rural e Pesquisa Agropecuária (Emater-GO) —, a produção rural goiana tem se destacado nacional e internacionalmente.
Durante suas viagens pelo Estado, o governador Ronaldo Caiado (UB) faz questão de estar ao lado da classe produtora. Um exemplo foi a visita ao Vão do Paranã, em dezembro de 2023, no município de Flores de Goiás.
Na zona rural do município, o dirigente estadual lançou o Projeto de Fruticultura Irrigada do Vão do Paranã, que oferece um benefício de R$ 210 mil por hectare aos produtores inscritos. O recurso foi destinado à instalação de sistemas de irrigação para o cultivo de frutas como manga e maracujá, que possuem grande potencial na região.
O programa, considerado um presente pelos agricultores, atende mais de 150 produtores da microrregião, com investimento total de R$ 9,8 milhões, realizado em parceria com a Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf). Pelo programa, ao menos duas mil famílias devem ser beneficiadas indiretamente pela iniciativa. Além disso, a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa Cerrado) participou por meio da entrega de tecnologias para produtores da região.
Menos de um ano depois, em janeiro de 2025, o projeto foi renovado com a novidade da assistência técnica gratuita aos produtores e consultoria em processamento agroindustrial e comercialização da safra. Desta vez, o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) passou a integrar a iniciativa por intermédio do Governo Estadual.
Além dessas ações diretas, o Estado atua como intermediário junto a cooperativas de crédito e bancos públicos, para oferecer empréstimos com juros acessíveis à classe — um dos principais desafios para a manutenção do cultivo a longo prazo.
Plano Safra e baixo investimento na agricultura familiar
Enquanto isso, o governo federal ainda peca na assistência aos pequenos produtores, especialmente em comparação com outras regiões do país, e mantém maior favorecimento aos grandes fazendeiros por meio do Plano Safra de 2026, cujos recursos, em sua maioria, são destinados à monocultura de exportação, como a soja.
Ao mesmo tempo, o Governo Lula (PT) tem sido criticado por negligenciar o acesso às terras abandonadas ou embargadas pela Justiça e por não dar continuidade aos programas de reforma agrária — uma de suas principais bandeiras de campanha nas eleições de 2022. Como consequência, movimentos como o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) passaram a adotar postura crítica em relação ao governo que antes consideravam aliado.
Mesmo com iniciativas importantes em vigor, como o Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf), do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), ainda há um longo caminho para equilibrar o apoio entre pequenos e grandes produtores rurais no país.
Leia também: De mirtilo a mel e açaí: a força das cooperativas que transformam a agricultura familiar em Goiás
Inscrições para o Projeto de Fruticultura Irrigada do Vão do Paranã seguem até 26 de janeiro
