Número de mulheres eleitas dobra da Assembleia Legislativa, mas quantidade “não é representativa”

06 outubro 2022 às 15h02

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No ano em que o Brasil comemora 90 anos da conquisto do voto feminino, a Assembleia Legislativa de Goiás (Alego) dobra o número de parlamentares eleitas, saímos de 2 para 4. Apesar disso, a quantidade não é representativa, é o que explica a professora Mariana Assis.
“O número de mulheres eleitas é 10% do total de representantes na Assembleia Legislativa. Isso mostra que a mudança constitucional introduzida para assegurar recursos de campanha e tempo de propaganda (30%) às candidaturas femininas não produziu o efeito esperado. O ideal seria que tivéssemos paridade, é isso o que demandam os movimentos feministas”, pondera.
No universo de pessoas aptas a votarem em Goiás, as mulheres representam a maioria, somando 52,52%, e os homens, 47,48%. Mesmo sendo o maior eleitorado, as mulheres ainda não consegue se fazer representadas no parlamento por outras mulheres.
O baixo número de mulheres eleitas demonstra a falta de compreensão de que uma democracia precisa ser composta pela pluralidade e diversidade. A professora lembra ainda que é necessário esclarecer que mesmo com a eleição feminina, algumas delas ainda defende pautas conservadoras.
“E, para além dos números, é importante examinar as agendas políticas das representantes eleitas. Em todo o Brasil, foram eleitas mulheres que se alinham a uma pauta conservadora que combate a justiça de gênero e todos os avanços já conquistados nessa área”, finaliza.
Eleitas em Goiás
Bia de Lima (PT), Vivian Naves (PP), Zeli (PRTB) e Rosangela Rezende (Agir) vão compor o Legislativo goiano pelos próximos quatro anos. O Jornal Opção preparou um perfil para o leitor entender as pautas que elas defendem.
Bia de Lima (PT) é sindicalista e já foi presidente do Sindicato dos Trabalhadores da Educação de Goiás (Sintego). A eleita sempre esteve engajada em pautas na defesa do servidor público. Ela é protagonista de greve que já mobilizou a educação em Goiás. Sempre esteve na Assembleia Legislativa em busca de reconhecimento para os professores.
Rosangela Rezende (Agir) é filha do ex-governador de Goiás, Agenor Rezende. Ela é dentista e foi secretária de Saúde de Mineiros por 12 anos.
Vivian Naves (Progressista) é primeira-dama de Anápolis há cinco anos e era uma aposta do PP à Assembleia Legislativa. Eleita com apoio do marido, prefeito Roberto Naves. Ela é formada em direito. Vivian fez uma campanha baseada nos projetos sociais que desenvolveu em Anápolis e promete ampliar pata todo estado.
Zeli Fritsche (PRTB) é vice-prefeita de Valparaíso, entorno do Distrito Federal. Casada e mãe de uma moça, ela se define como mulher corajosa, destemida, honesta, trabalhadora e que se preocupa com o bem-estar das pessoas, com o social e com os animais.
Cenário Nacional
No Congresso, o desenho não é diferente. No domingo, 2, à medida em que o resultado foi se concretizando, observamos um resultado que “envergou” o país, tivemos a “direita moderada enterrada” para renascer a extrema direita composta em sua maioria por bolsonaristas. Foi uma vitória real de uma ideologia declaradamente misógina, racista, homofóbica e fundada em direitos cristãos.
Com isso, a representatividade feminina no parlamento segue a passos curtos. Nas últimas eleições, em 2018, foram eleitas 77 deputadas federais, 15% do total, que mesmo longe da paridade, representou um aumento expressivo em relação às eleições anteriores. No domingo, 2, foram eleitas 92 mulheres para a Câmara e 4 para o Senado, totalizando 18% e 7%, respectivamente.
Para além das mulheres, temos negras e negros, indígenas, e pessoas LGBTQIA+ com urgência de serem representados no poder. E são essas candidaturas que recebem menos recursos e apoio partidário, ainda que haja legislação favorável.