Um medicamento experimental desenvolvido pela farmacêutica americana Pelage Pharmaceuticals tem chamado atenção no setor de saúde capilar por sua proposta inédita: reverter a calvície. Batizado de PP405, o produto se encontra atualmente em fase 2 de testes clínicos nos Estados Unidos e deve chegar ao mercado a partir de 2027.

Diferente dos tratamentos já conhecidos — como finasterida, dutasterida e minoxidil —, que apenas preservam os fios existentes e retardam a queda, o PP405 busca reativar folículos capilares adormecidos.
O medicamento é uma loção tópica aplicada diretamente no couro cabeludo e atua ao inibir o transportador mitocondrial de piruvato (MPC), aumentando os níveis intracelulares de lactato. Esse processo desperta as células-tronco foliculares, permitindo que os folículos voltem ao ciclo ativo de crescimento.

Nos testes clínicos, os pesquisadores observaram aumento de até 20% na densidade capilar — cerca de 18 novos folículos por centímetro quadrado. Além disso, até o momento, não foram registrados efeitos colaterais hormonais, como alterações na libido, frequentemente associados a bloqueadores de DHT.

De acordo com os estudos, os primeiros efeitos podem ser notados entre 16 e 24 semanas de uso contínuo. O medicamento promete manter os fios em crescimento por até cinco a sete anos após a suspensão do tratamento.

A dermatologista Melissa Maeda, do Hospital Nove de Julho, destaca que o PP405 pode abrir caminho para novos avanços. “Se conseguirmos reverter a mumificação do folículo, outras possibilidades podem se abrir, como tratar a perda de pigmentação dos fios e até o estresse oxidativo da pele”, afirmou à Folha de S.Paulo.

Já o médico Vlássios Marangos, especialista em tricologia, lembra que a inovação é significativa.
“A finasterida está em uso há mais de 30 anos e poucas alternativas surgiram nesse período. Hoje, todo o processo de pesquisa e aprovação é muito mais rápido do que antes”, disseem entrevista à Folha.

Segundo projeções iniciais, o PP405 deve chegar ao mercado em 2027 com custo superior a R$ 1 mil por mês, valor estimado de um frasco para 30 dias de tratamento. Atualmente, no Brasil, a Anvisa não possui registro nem pedido de estudo clínico do medicamento.

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