Nova Zelândia anuncia erradicação de gatos selvagens até 2050
25 novembro 2025 às 14h40

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A Nova Zelândia incluiu oficialmente os gatos selvagens na lista de espécies que serão erradicadas até 2050, dentro do programa Predator Free 2050, voltado à proteção da fauna nativa. O anúncio foi feito pelo ministro da Conservação, Tama Potaka, em entrevista à Rádio Nova Zelândia na quinta-feira, 20.
Segundo o ministro, os gatos selvagens, definidos como aqueles que vivem sem qualquer dependência humana, representam uma ameaça direta a espécies nativas como aves, morcegos, lagartos e insetos.
“Eles são assassinos a sangue frio. Matam para sobreviver”, afirmou Potaka.
Até então, os gatos estavam fora da lista de predadores a serem eliminados, que já incluía doninhas, furões, ratos, gambás e outros mustelídeos. A decisão é uma mudança de diretriz no plano nacional de conservação.
Entre as alternativas avaliadas pelo governo estão iscas envenenadas e um tipo de veneno pulverizado por dispositivos instalados em árvores, acionados quando o animal passa pelo local. A estratégia completa será detalhada em março, na atualização oficial da Estratégia Predator Free 2050.
Potaka justificou a iniciativa como necessária para restaurar o equilíbrio ambiental. “Para aumentar a biodiversidade e criar o tipo de ambiente que queremos ver, precisamos nos livrar de alguns desses predadores.”
O Ministério da Conservação citou exemplos recentes do impacto dos gatos selvagens. Mais de 100 morcegos-de-cauda-curta foram mortos em uma única semana perto da cidade de Ohakune, na Ilha Norte. A espécie também contribuiu para o declínio crítico do batuíra-do-sul na Ilha Stewart.
Além da predação, os gatos selvagens são vetores da toxoplasmose, doença que afeta animais marinhos, pode trazer riscos à saúde humana e causa prejuízo a produtores rurais pela perda de rebanhos.
De acordo com o governo, mais de 90% das 3,4 mil contribuições recebidas durante consulta pública defenderam o reforço no controle da espécie. A medida foi celebrada por organizações ambientais, como o Predator Free New Zealand Trust.
Em artigo publicado no jornal The Post, a diretora da entidade, Jessi Morgan, afirmou que a resposta da população foi “alta e clara”: os gatos selvagens deveriam ser incluídos como alvo do programa.
Diante de preocupações de tutores, o governo reforçou que gatos domésticos não serão atingidos pela iniciativa. Potaka destacou que a posse responsável, com castração, microchipagem e restrição de acesso à vida selvagem, continua sendo recomendada como parte da solução.
A Nova Zelândia é reconhecida por ter uma das faunas mais vulneráveis do mundo, com dezenas de espécies ameaçadas pela introdução de predadores ao longo dos últimos séculos. O país considera a erradicação de espécies invasoras um dos pilares para evitar extinções e recuperar ecossistemas nativos.
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