Morre James Watson, um dos descobridores da estrutura do DNA, aos 97 anos
07 novembro 2025 às 19h08

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O cientista norte-americano James D. Watson, um dos responsáveis pela descoberta da estrutura do DNA, morreu nesta quinta-feira, 6, aos 97 anos, em East Northport, Nova York. A morte foi confirmada por seu filho, Duncan Watson, que informou que o pesquisador estava internado por uma infecção e havia sido transferido recentemente para um centro de cuidados paliativos.
Watson entrou para a história da ciência aos 25 anos, quando, ao lado de Francis Crick, descreveu a dupla hélice do DNA, em 1953, um marco que revolucionou a biologia e abriu caminho para a genética moderna. A descoberta lhes rendeu o Prêmio Nobel de Fisiologia ou Medicina em 1962, compartilhado com Maurice Wilkins.
Além da contribuição científica, Watson se destacou como um dos líderes do Projeto Genoma Humano, criado para mapear todo o material genético humano. Também se tornou autor de uma das autobiografias mais famosas da ciência, A Dupla Hélice, publicada em 1968. O livro foi aclamado, mas gerou polêmica ao expor bastidores do processo científico e tensões entre os colegas de pesquisa.
Watson dirigiu o Laboratório Cold Spring Harbor, em Nova York, a partir de 1968, e transformou o centro em uma referência mundial em microbiologia. No entanto, sua trajetória foi marcada por polêmicas. Em 2007, foi afastado do cargo após declarar, em entrevista ao The Sunday Times, que pessoas negras seriam “menos inteligentes” do que brancas, afirmação amplamente condenada pela comunidade científica e que levou à revogação de todos os títulos honorários concedidos a ele.
Apesar do afastamento, Watson manteve suas pesquisas e discussões sobre temas como câncer, diabetes e genética aplicada, mas sua reputação acadêmica nunca se recuperou completamente.
O feito mais importante de Watson e Crick se baseou em imagens de difração de raios X produzidas pela cientista Rosalind Franklin, do King’s College de Londres. As fotografias, especialmente a famosa Foto 51, foram decisivas para que os dois pudessem propor o modelo da dupla hélice, no qual duas fitas de DNA se entrelaçam como uma escada em espiral.
A publicação do artigo na revista Nature, em abril de 1953, marcou o nascimento da biologia molecular moderna. A partir dela, tornou-se possível compreender como a informação genética é armazenada, copiada e transmitida, permitindo avanços como o estudo de mutações, a criação de organismos geneticamente modificados e o desenvolvimento de tecnologias como o CRISPR-Cas9.
“A estrutura do DNA nos mostrou como a hereditariedade ocorre, mas também explicou a mutação e, portanto, a evolução”, disse Bruce Stillman, diretor do Cold Spring Harbor Laboratory.
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