Moradores pedem ajuda para mulher em situação de rua na Avenida Leopoldo de Bulhões
26 outubro 2025 às 12h00

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Moradores e comerciantes da região da Avenida Leopoldo de Bulhões, no Setor Pedro Ludovico, em Goiânia, relatam preocupação com a situação de uma mulher que vive há cerca de seis meses em um canteiro da via, próximo ao viaduto da Marginal Botafogo com a Avenida Jamel Cecílio. Segundo relatos, ela passa os dias em meio a um amontoado de lixo e dorme à noite em uma área improvisada próxima a um bar.
“É uma situação muito triste a dessa mulher. Na verdade, a gente não pode nem a condenar por viver assim; ela é digna de dó. Onde estão os órgãos públicos que fingem não ver essa mulher aqui? Ela precisa de ajuda urgente, pois tudo indica que tem problemas mentais e, se tomar os remédios, pode ficar boa”, disse uma senhora que passava pelo local.
O senhor José Dorvalino, que mora ao lado da via, afirmou que ajuda a mulher todos os dias com água e alimentação, mas reconhece que ela não pode continuar vivendo dessa forma, como se não existisse. “Eu faço o que posso para ajudar essa senhora, mas ela precisa de mais do que alimentos — precisa ser tratada, pois é doente mental”, reconhece.

Seu Dorvalino conta ainda que a mulher corre risco de ser atropelada, já que precisa atravessar a pista para chegar até o local onde recebe comida e água, além de ser frequentemente maltratada por outras pessoas.
Enivaldo dos Reis relata que, às vezes, a mulher apresenta comportamento agressivo com quem se aproxima. “Já a vi pegar pedras e paus para jogar em motoristas ou pedestres que passam perto dela.”
De fato, o comportamento agressivo foi constatado pelo repórter, que tentou se aproximar para iniciar um diálogo, mas não conseguiu.
Nilson Antônio Marques, dono de uma lanchonete nas proximidades, acompanha diariamente a rotina da mulher.
“Ela apareceu aqui tem uns seis meses. Os moradores e vizinhos ficam com dó dela. Ajudam com alimentação, água, café. Ela passa o dia inteiro aqui na ilha, no meio da avenida. É até perigoso, porque o lugar é movimentado”, contou.
De acordo com o comerciante, a mulher recolhe restos de lixo e objetos recicláveis durante o dia e retorna sempre ao mesmo ponto.
“À noite, ela vai para uma área próxima de um barzinho e dorme lá. No outro dia, de manhã, ela junta os trens dela e volta. A gente não entende muito bem o que ela faz com aquilo. Ela pega lixo, resto de comida, garrafa… e vai juntando aquela montanha de coisa ali”, relatou Nilson.
O comerciante afirma que, apesar da aparência de abandono, a mulher chega a receber doações em dinheiro de pessoas que passam pelo local.
“O pessoal é solidário, dá dinheiro para ela. Às vezes dez reais, cinco… Ela guarda tudo na mochila. Mas ninguém nunca viu ela comprar nada no comércio. Ela não bebe, não usa droga. O problema dela é mental mesmo”, disse.
Nilson conta que a mulher costuma falar sozinha, cantar alto e agir de forma confusa.
“Eu abro meu comércio às seis da manhã, e quando chego ela já está aqui, montando as coisas dela. Fala sozinha, grita, canta alto, mas droga a gente nunca a viu usar. O problema é mental mesmo.”
Segundo ele, os vizinhos tentam protegê-la e impedir qualquer tipo de agressão.
“O pessoal aqui se comoveu com ela. Ninguém deixa fazer maldade. Às vezes aparecem umas pessoas estranhas, mas a gente fica de olho, e elas acabam indo embora.”
A falta de higiene e de assistência pública preocupa quem convive com a situação diariamente.
“Ela vive na rua mesmo. Onde está, ela abaixa a roupa e faz as necessidades. Não toma banho, não troca de roupa, não toma remédio. Está jogada à sorte”, afirmou.
Nilson disse que, apesar de tentativas, até agora nenhuma equipe da Prefeitura foi ao local.
“A gente já ligou para a Assistência Social pedindo pra virem ver a situação dela, mas nunca apareceu ninguém. Uma vez fizemos um vídeo e mandamos para a imprensa, mas nem divulgaram.”
O comerciante faz um apelo para que o poder público e a sociedade ajudem a mulher a receber tratamento.
“A gente pede que alguém possa ajudar. Talvez achar a família dela ou a prefeitura acolher. Acredito que, se ela tomar medicação direitinho, consegue estabilizar e voltar a ter uma vida normal”, disse.
Apesar dos momentos de confusão, Nilson afirma que a mulher costuma ser receptiva quando está calma.
“Ela atende bem as pessoas, conversa. Mas quando tá atacada, nem comida aceita. Xinga, joga fora, às vezes até ameaça. A gente percebe que não é maldade, é problema mental mesmo”, explicou.
Para ele, a situação é de urgência.
“Ela precisa de ajuda, de medicação, de tratamento. Se tiver acompanhamento direitinho, acho que ela consegue voltar a ser uma pessoa normal”, concluiu.
SEDHS
A reportagem entrou em contato com a Secretaria Municipal de Desenvolvimento Humano e Social (SEDHS), que se limitou a informar que a situação não é de responsabilidade da pasta e orientou que as respostas fossem buscadas junto à Secretaria de Saúde.
SMS
A Secretaria Municipal de Saúde de Goiânia (SMS) informou à reportagem que uma equipe do programa Consultório na Rua fará busca ativa no bairro informado para oferta de atendimento em saúde à pessoa em situação de rua.
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