Imagine um carro sem capô, sem porta-malas dianteiro e sem aquele espaço tradicional reservado para o motor. Essa visão, que parece saída de um filme de ficção científica, na verdade é um conceito centenário que volta a ganhar força no setor automotivo.

A novidade se trata da tecnologia de motores instalados diretamente nas rodas, conhecidos como Wheel Motors (WMs). O conceito foi apresentado em 1900 por Ferdinand Porsche, mas permaneceu praticamente esquecido por décadas. Agora, ele surge como uma alternativa inovadora para a mobilidade elétrica.

Durante grande parte do século XX, a posição do motor determinava não apenas o desempenho do veículo, mas também o design e a organização interna. Hoje, essa lógica está sendo completamente repensada.

Ao instalar o motor dentro da própria roda, elimina-se a necessidade de eixos de transmissão, diferenciais e outros sistemas mecânicos complexos. O resultado é um veículo mais leve, eficiente e com um projeto estrutural simplificado.

No passado, essa tecnologia não avançou devido às limitações técnicas e à falta de infraestrutura elétrica adequada. Atualmente, o avanço das baterias, a evolução da eletrônica embarcada e a pressão por soluções sustentáveis tornam os motores em roda uma opção viável. Empresas como a Elaphe Propulsion Technologies, da Eslovênia, estão na vanguarda dessa retomada, com protótipos prontos para produção.

Mais espaço e melhor desempenho

Entre os principais benefícios desse tipo de arquitetura está a possibilidade de liberar o compartimento frontal e traseiro do carro, abrindo espaço para baterias maiores e layouts internos mais flexíveis, o que eleva o conforto dos passageiros.

Cada roda equipada com seu próprio motor permite um controle de torque individual, garantindo maior estabilidade em curvas e terrenos irregulares. Isso representa um ganho significativo em dirigibilidade em comparação aos sistemas tradicionais.

Um exemplo prático é o motor Sonic 1, da Elaphe, que pode ser integrado a rodas de até 21 polegadas e funciona em conjunto com sistemas de freios de alta performance. Sem eixos e diferenciais, há menos perda de energia, torque instantâneo e maior eficiência energética. Além disso, a simplificação mecânica pode reduzir custos de produção e manutenção.

Os motores em roda não impactam apenas o desempenho e o espaço interno. Eles podem transformar a maneira como os carros são projetados.

Plataformas modulares mais simples e flexíveis possibilitam adaptação a diferentes segmentos, desde veículos urbanos compactos até SUVs elétricos de grande porte. Essa padronização acelera a produção e fortalece a competitividade das montadoras que adotarem a tecnologia.

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