Fundahc deu prejuízo de R$ 2,5 milhões durante gestão de maternidades em Goiânia, aponta relatório
15 dezembro 2025 às 22h21

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O Ministério da Saúde, por meio de auditoria oficial, confirmou um prejuízo superior a R$ 2,5 milhões deixado pela Fundahc na gestão das maternidades municipais de Goiânia. O valor corresponde ao serviço que deixou de ser executado (leitos inativos), mesmo com a disponibilidade financeira. A informação consta no Relatório Final de Auditoria, que analisou o período de 2023 a junho de 2025, e ao qual o Jornal Opção teve acesso em primeira mão.
O estudo do Ministério expôs o que seria um cenário de grave fragilidade financeira, assistencial e administrativa herdado pela atual gestão de Goiânia. Segundo o próprio relatório, em diversos momentos, não foi possível identificar com precisão quanto foi gasto pela Fundahc, onde foi gasto e em qual unidade, o que comprometeu a transparência e o controle financeiro do contrato.
Essa ausência de rastreabilidade, aliada ao descumprimento de metas pactuadas nos planos de trabalho, gerou um passivo financeiro reconhecido, que culminou no rombo.
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A auditoria registra que, mesmo com recursos formalmente disponíveis, houve interrupção de serviços, redução de leitos e suspensão de atendimentos pela entidade, o que evidencia um descompasso entre os valores repassados e os serviços efetivamente prestados. De forma direta, o dinheiro público repassado à Fundahc não se traduziu, de forma proporcional, em atendimento à população.

A auditoria aponta que o modelo contratual estaria fragilizado, financeiramente desequilibrado e incapaz de garantir continuidade e qualidade dos serviços.
O Jornal Opção entrou em contato com a Fundahc sobre o conteúdo do relatório e aguarda um retorno. O espaço permanece aberto.
Avanços
O documento do Ministério da Saúde também oficializa que a atual gestão, iniciada em janeiro de 2025, não tem responsabilidade pela origem do rombo. O relatório reconhece que a Secretaria Municipal de Saúde assumiu um cenário de crise herdada e passou a atuar no sentido de conter danos, reorganizar a gestão e retomar os serviços.
Entre os avanços registrados estão a implementação de novos protocolos assistenciais, a regularização gradual do direito ao acompanhante, a retomada progressiva da produção nas maternidades e a mudança na gestão das unidades a partir de agosto de 2025.
A Prefeitura, inclusive, solicitou a ampliação do escopo da auditoria abrangendo o período a partir de 2022. O Ministério, no entanto, estendeu somente ao ano de 2023, excluindo da análise metade da gestão do ex-prefeito Rogério Cruz.
O relatório será apresentado pelo diretor do Departamento Nacional de Auditoria do SUS, Rafael Bruxellas, à Câmara Municipal de Goiânia.
