‘Minha advogada trabalhista vai vencer essa causa rindo’, diz Kajuru sobre acusações de ex-assessor
15 julho 2019 às 17h04

COMPARTILHAR
Senador rebate alegações e diz que sua trajetória como patrão não é marcada por ingratidão

O senador Jorge Kajuru (Sem partido) falou ao Jornal Opção sobre as acusações feitas pelo ex-assessor da Câmara Municipal de Goiânia Alexandre Machado de Souza, conhecido como Xande. O parlamentar relata ter sofrido uma tentativa de extorsão pelo ex-assessor que prestava serviços como seu motorista, e diz que tentou ajudá-lo por conta da filha de Xande, que é portadora de diabetes.
Xande trabalhou por dois anos na Câmara, quando Jorge Kajuru exercia mandato como vereador e, segundo o parlamentar, atuava apenas como motorista. “Ele era motorista de aplicativo e disse que não ganhava dinheiro com isso, por isso, a pedido de dois amigos em comum, resolvi ajudá-lo”, explicou Kajuru, que disse ter sido alertado sobre a má-fama do funcionário.
De acordo com o senador, os problemas apareceram logo nos primeiros dias do novo assessor, quando os servidores da Casa ficaram incomodados com a presença do colega de trabalho. “Ele ficava vendendo coisas nos gabinete, de camisinha a chaveiro, e importunava a todos”, disse. O vereador então o teria dispensado de ficar no gabinete trabalhando por conta da reclamação dos colegas.
“Com as reclamações acabei pedindo que ele atuasse apenas como meu motorista. Ele me deixava na Câmara às 5h da manhã, às 7h ele me entregava o café da manhã que era comprado diariamente no Biscoito Pereira, depois ele levava o almoço que era comprado no Restaurante Popular, próximo ao Estádio Olímpico, e ia embora pra casa”, contou Kajuru, ao destacar que insistiu em trabalhar com Xande por conta da situação da filha dele, que é portadora da mesma doença do senador.
Acusações
Para Kajuru, entre as inúmeras acusações “sem cabimento” feitas por Xande, está a questão de o senador não gostar de ter contato com os eleitores. “É de conhecimentos de todos o meu problema na visão, não tenho um olho por conta de um descolamento da retina. Por isso, não posso, por exemplo, dirigir, além de usar álcool em gel varias vezes para colocar a mão na prótese que uso no olho direito”, explicou, ao enfatizar que essa é uma determinação do seu médico oftalmologista.
“Veja só, eu não tenho e nunca tive medo de pegar nas mãos das pessoas, trabalhei com comunicação e em estádios já cumprimentei 20 mil pessoas em um único dia. Essa mentira é de um nível tão baixo que eu não sei nem explicar”, reagiu o parlamentar.
Kajuru também considerou absurda a acusação feita por Xande, de que ele passaria até as roupas do então vereador. “A diarista Marluce sempre trabalhou para mim e passava as minhas roupas, vocês podem procurá-la. Ele também nunca fez comida pra mim, não tínhamos esse tipo de relação”, explicou. Segundo Kajuru, quem sempre o ajudou é seu assessor Dudu Aritana, filho do Mané de Oliveira. “Ele é um querido e amado por toda a minha equipe”.
Extorsão
À reportagem, Jorge Kajuru afirmou que sempre foi claro sobre sua pretensão de não continuar com Xande em Brasília. “Disse que não o levaria até porque eu recusei o carro oficial. Apesar disso, tentei ajudá-lo a continuar na Câmara, só que ele reclamou do salário oferecido e recusou a oferta”, explicou. Após a recusa, Kajuru acabou indicando a filha dele ao presidente Romário Policarpo que chegou a empregá-la, mas optou por substituí-la por precisar de alguém com formação jurídica para atuar na Casa.
Kajuru disse ainda que o ex-funcionário da Câmara tem uma vida excelente, mora em uma casa em uma chácara e tem até piscina. “A vida dele, por conta dos muitos bicos que ele faz, é melhor que a minha”, diz o senador, ao contar que foi surpreendido com o pedido de R$ 50 mil reais para que Xande comprasse um carro novo.
“Quando ele viu que não viria para Brasília ele quis me extorquir. Logo eu, que nem carro tenho, e uso um Fiat Mob do Dudu [assessor de Jorge Kajuru], para me locomover em Brasília. O Dudu me ajuda aqui, por isso eu não precisaria contratar um motorista. Mas ele não entendeu isso e me pediu R$50 mil. Eu não devia nada a ele, até porque ele nunca foi meu funcionário e sim da Câmara, por isso não aceitei essa extorsão.
O senador diz que guarda todas as conversas com Xande, além de recibos como o da compra de pneus, R$ 600 por mês pelo uso do carro, fora o salário pago pela Câmara. “Minha história como patrão não é marcada por ingratidão, pelo contrário, sou extremamente correto. Minha equipe está toda comigo, eles estão indignados com essa história. Ninguém gosta dele na Câmara, pode ir lá perguntar. Já ele, foi demitido da UBER por irregularidades e tem fama de extorquir as pessoas”, contou.
“A Câmara é que deveria entrar na justiça contra ele pelo tempo que ele não cumpriu na Casa. Não tenho nada a contra ele, me preocupo com sua filha, que é uma pessoa boa e que continuarei ajudando a encontrar um trabalho”, explicou Kajuru.
Medidas
Kajuru não pretende entrar com quaisquer medida judicial contra Xande, mas garante que irá se defender e que possui muitas provas. “Minha advogada trabalhista vai vencer essa causa rindo, ele devia ser minimamente grato e entender que tentei ajudá-lo até onde pude”, concluiu o senador.
Procurado pelo Opção, o motorista Alexandre Machado de Souza preferiu não comentar a resposta do senador que ele chamou de “mitômano”, mas afirmou ter achado o posicionamento “chumbrega e vulpino de sua parte. Isso não é defesa para o nível de um senador da república. Provarei tudo na justiça”.