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O ex-CEO das Lojas Americanas, Miguel Gutierrez, foi preso nesta sexta-feira, 28, em Madri, conforme divulgado pelo Blog da Malu Gaspar do jornal O Globo. A prisão ocorreu após a deflagração da Operação Disclosure pela Polícia Federal, que investiga fraudes contábeis na empresa estimadas em R$ 25 bilhões.

Foram emitidos mandados de prisão contra Gutierrez e Anna Christina Ramos Saicali, uma das diretoras, que ainda está foragida. Detalhes sobre a prisão de Gutierrez e uma possível extradição não foram divulgados. As investigações apontam que os resultados financeiros da Americanas foram manipulados para inflar artificialmente o valor das ações na B3.

Gutierrez, que se mudou para a Espanha após o escândalo em janeiro de 2023, e Saicali foram incluídos na Difusão Vermelha da Interpol, listando-os entre os mais procurados do mundo.

Maior fraude do Brasil 

O grupo investigado é responsável pela maior fraude da história do mercado financeiro do Brasil, estimada em cerca de R$ 25,3 bilhões. Segundo a decisão judicial que autorizou a operação policial, a PF atribui aos investigados “manobras fraudulentas” destinadas a alterar “os resultados reais da empresa”.

O objetivo, de acordo com a PF, era “receber vantagens indevidas com o pagamento de bônus por metas atingidas e elevar, de forma ilícita, a cotação das ações das Americanas, pois, assim, gerariam ganhos financeiros não justificados, visto que alguns dos investigados tinham participação acionária nas empresas”.

A diligência policial descobriu que os então diretores da Americanas venderam R$ 258 milhões em ações da empresa antes de tornar público o rombo contábil, em 2023. Segundo a PF, Gutierrez tentou blindar seu patrimônio antes que as fraudes viessem à tona, repassando imóveis a familiares e enviando dinheiro para paraísos fiscais.

Segundo investigadores, as manobras “causaram grande prejuízo para os demais acionistas, principalmente aos minoritários, que, em razão da falsa saúde financeira da empresa, operavam transações acionárias com preços inflacionados”. Os crimes investigados são os de manipulação de mercado e uso de informação privilegiada.

Por meio de nota enviada à imprensa, a defesa de Miguel Gutierrez havia informado que “não teve acesso aos autos das medidas cautelares” e que, “por isso, não tem o que comentar”.