O presidente da Câmara Municipal de Goiânia, vereador Romário Policarpo (PRD), reconduziu oficialmente o advogado Kowalsky Ribeiro ao cargo de procurador-geral da Casa. A nomeação foi publicada em edição extra do Diário Oficial do Município (DOM) na noite desta segunda-feira, 23, pouco mais de 40 dias após sua exoneração, motivada por um episódio envolvendo o porte de arma de fogo e uma discussão com um servidor ligado ao vereador Sargento Novandir (MDB). Nas redes sociais, Kowalsky publicou um versículo bíblico. “Preparas uma mesa na presença dos meus inimigos; unges minha cabeça com óleo, o meu cálice transborda”.

O caso ocorreu em 5 de maio, no estacionamento da sede do Legislativo, quando Kowalsky, armado, se envolveu em um desentendimento com o então chefe de gabinete de Novandir, Sérgio Dornelles. As câmeras de segurança registraram a discussão, que gerou forte repercussão política. Três dias depois, ambos os envolvidos pediram exoneração, e a sindicância instaurada para apurar o episódio foi arquivada por “perda de objeto”, segundo nota oficial da própria Câmara.

Durante o afastamento, o Ministério Público de Goiás (MP-GO) apresentou denúncia contra Kowalsky por crime de ameaça, com base nas imagens e nos depoimentos colhidos. A denúncia, assinada pelo promotor José Antonio Correa Trevisan, foi protocolada no Tribunal de Justiça de Goiás (TJ-GO) no dia 18 de junho. O MP pede que, caso fique comprovada a autoria, o acusado seja condenado e indenize a vítima por danos decorrentes da conduta.

Apesar da denúncia ainda estar sob análise da Justiça, a recondução de Kowalsky ao cargo de procurador-geral foi oficializada no último dia 17, por ato assinado pelo presidente da Casa, além dos secretários Henrique Alves (MDB) e Juarez Lopes (PDT). A medida pegou de surpresa parte dos vereadores e servidores, que classificaram a decisão, reservadamente, como “precoce” e “inadequada”. A expectativa é de que a nomeação leve à reabertura do processo administrativo disciplinar (PAD) que havia sido interrompido com a exoneração.

Em nota enviada à imprensa, a Câmara reiterou que a sindicância foi encerrada após os pedidos de exoneração de Kowalsky e Dornelles, e que, à época, não havia mais elementos para sustentar o prosseguimento da apuração.

Com a volta de Kowalsky à chefia da Procuradoria-Geral, o servidor de carreira Herbet de Vasconcelos Barros, que estava no comando interino do órgão, retorna ao cargo de subprocurador-geral. Já Carla Bueno Barbosa, que ocupava a subprocuradoria, foi remanejada para a coordenação do Núcleo de Assistência Administrativa. As nomeações foram publicadas na mesma edição do DOM.

O episódio reacendeu o debate sobre segurança no ambiente do Legislativo. Após a briga, o vereador Sargento Novandir chegou a usar colete à prova de balas durante sessões e houve manifestações de vereadores favoráveis à instalação de detectores de metais na entrada da Câmara.

A defesa de Kowalsky ainda não se manifestou publicamente sobre a denúncia do MP-GO.