Médicos do Detran mantém possibilidade de nova paralisação

08 setembro 2025 às 20h30

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Os médicos credenciados ao Departamento Estadual de Trânsito de Goiás (Detran-GO) decidiram suspender temporariamente a greve, que vinha sendo realizada desde o dia 21 de agosto, mantendo a possibilidade de uma nova paralisação caso o órgão estadual não atenda às reivindicações da categoria.
A deliberação ocorreu na última sexta-feira, 5, durante assembleia geral, e os atendimentos serão retomados nesta terça-feira, 9. A suspensão vai até 24 de setembro, quando nova assembleia definirá os próximos rumos do movimento.
Essa foi a terceira paralisação em menos de dois meses. A primeira ocorreu nos dias 15 e 16 de julho, com duração de 48 horas. Já a segunda, entre 30 de julho e 1º de agosto, estendeu-se por 72 horas.
Segundo nota do Sindicato dos Médicos de Goiás (Simego) enviada ao Jornal Opção, a principal insatisfação da categoria é o congelamento, há nove anos, dos valores pagos para custear clínicas, unidades do Vapt Vupt e honorários médicos.
“Nesse período, todos os custos aumentaram significativamente, enquanto os honorários permaneceram sem qualquer recomposição inflacionária”, afirmou a entidade. O Simego informou que algumas propostas foram apresentadas pelo governo, mas sem garantias formais.
“O que existe até agora são encaminhamentos em análise, mas sem qualquer documento que assegure o atendimento pleno das demandas”, destacou. A categoria aguarda que o Executivo formalize propostas concretas até o fim do mês.
Caso contrário, não descarta retomar a paralisação. “Se não houver diálogo efetivo e a devida formalização, a possibilidade de retomada da greve é bastante provável”, disse o sindicato.
Resposta do Detran-GO
O presidente do Detran-GO Waldir Soares contestou a versão do sindicato de que o órgão não tem participado das negociações. Ele deixou claro que não haverá reajuste nos honorários médicos.
“Eu fico triste. Pessoas tão esclarecidas mentiram descaradamente. Quem levou eles para reunião com o governador em exercício, Daniel Vilela, fui eu. Já fui ao Conselho Regional de Medicina conversar com a categoria e tenho dialogado várias vezes ao longo desses dois anos”, afirmou ao Jornal Opção.
“Eu não vou aumentar a CNH. A tendência do Detran é redução de custos da CNH. Hoje, uma habilitação pode custar de R$ 2,5 mil a R$ 5 mil. Se eu aumentar o valor do exame, isso vai direto para a pessoa mais pobre. Não posso admitir isso”, completou.
O presidente do órgão citou que médicos já tiveram aumento em outros serviços e comparou os valores. “A consulta do Ipasgo passou de R$ 65 para R$ 80. Já o exame médico de trânsito custa R$ 90 há nove anos. Mesmo assim, eles têm uma margem de ganho considerável.”
Soares também rebateu a alegação de falta de alternativas em caso de greve. “Hoje, 80% dos atendimentos estão normais. Se houver nova paralisação, vamos credenciar médicos de outros estados, pessoas físicas, e acabar com alguns privilégios que existiam ao longo do tempo”, disse.
O dirigente reforçou ainda que a política do Detran é reduzir custos da carteira de habilitação, não aumentá-los. “Nos Estados Unidos, uma CNH custa cerca de 30 dólares, o equivalente a R$ 180. Aqui, o objetivo é diminuir a burocracia e baratear o processo, não onerar a população.”
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