Marconi, que antes admitiu “bater” em Bolsonaro, agora dá “like” no ex-presidente

03 junho 2025 às 07h06

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Após ser colocado “na fogueira” pelos rumores de aproximação com o PT de Lula, em um suposto ensaio de aliança para 2026, o ex-governador Marconi Perillo, que no ano passado admitiu como um erro de estratégia seu partido, o PSDB, ter “batido somente em Bolsonaro e deixado de bater no PT”, agora tece elogios ao ex-presidente da República e já se compara a ele como um “perseguido político”. A mudança de postura é vista como uma tentativa do tucano – de olho no pleito do ano que vem – de “quebrar o gelo” com o eleitorado mais conservador.
Durante participação no programa Papo Aberto, da TV Capital, na noite desta segunda-feira, 2, Marconi foi perguntado de “dava like” ou “bloqueava” Jair Bolsonaro, em um quadro do programa que revela a aceitação ou aversão do entrevistado à figura apresentada.
O ex-governador de Goiás, que até o momento da pergunta falava de forma contundente e apaixonada, principalmente nas críticas ao atual governador Ronaldo Caiado (seu adversário político), abrandou o tom de voz e pareceu adotar uma certa cautela ao responder à pergunta sobre o ex-presidente do Brasil.
“Tenho algumas restrições sobre algumas atitudes que ele tomou na pandemia […]. Acho que ele errou muito na comunicação, errou muito na questão do posicionamento em relação à ciência, mas eu diria que ele também tem seus acertos”, disse.
Marconi emendou dizendo que, assim como Bolsonaro, “também viveu na pele muita perseguição”. “Ele errou, mas também errei muito. Acho que ninguém pode ser perseguido por coisas que não fez. Só pela coragem dele continuar lutando, assim como eu continuei lutando, eu vou dar like”, concluiu.
A postura do tucano, desta vez elogiosa, contrasta com o posicionamento do PSDB nas eleições de 2024, que assumiu certa oposição a Bolsonaro. Vale destacar, por óbvio, que tratava-se de uma eleição onde, naturalmente, os concorrentes trocam farpas. No entanto, os embates de candidatos do PSDB com candidatos bolsonaristas chamaram atenção por se sobressaírem àqueles com o PT, adversário histórico dos tucanos.
Em entrevista ao Estadão no final de outubro do ano passado, ao fazer uma avalição do resultado do pleito, Marconi Perillo disse que “bater só em Bolsonaro foi um erro”. “Acabamos perdendo nosso eleitor mais conservador”, refletiu
“A gente começou a bater só em Bolsonaro e deixamos de bater no PT, que é nosso adversário histórico. Isso incomodou muito nosso eleitor, que então migrou para o bolsonarismo de vez, achando que estávamos fazendo o jogo do PT”, declarou, ao veículo, na ocasião.
A guinada no posicionamento de Marconi, que disse ainda não ter decidido sobre uma candidatura em 2026 (fontes afirmam que o tucano quer se lançar ao Palácio das Esmeraldas) pode ser lida como uma tentativa de barrar a aproximação do PL bolsonarista com o governador Ronaldo Caiado, processo já em curso, e atrair o eleitor conservador. Uma aposta arriscada do ex-governador, que a esta altura do campeonato, pode não surtir efeito.
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