Manobras e gastos eleitoreiros explicam maior inflação dos últimos sete anos, diz Meirelles

12 janeiro 2022 às 07h10

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Ex-ministro da Fazenda e ex-presidente do Banco Central, político apontou PEC dos Precatórios e outras manobras do governo como estimuladores do IPCA

A inflação fechou o ano de 2021 em 10,06%. Há seis anos o valor não ficava acima dos dois dígitos. Os principais responsáveis pela alta foram combustíveis, contas de energia e alimentos. Apesar disso, Henrique Meirelles apontou outros aspectos que contribuíram para o número expressivo, entre eles manobras e gastos eleitorais.
O político foi presidente do Banco Central e ministro da Fazenda. Para Meirelles, a forma como é investido o dinheiro público influencia diretamente no IPCA, índice que mede a inflação. “É inegável o peso do aumento das commodities e do câmbio desvalorizado nesse resultado. Mas é necessário reconhecer que a razão mais importante é a falta de compromisso com a disciplina fiscal. É preciso responsabilidade no trato com o dinheiro público”, pontuou o ex-ministro.
A PEC dos precatórios também pode ter contribuído para o IPCA. Segundo o ex-presidente do Banco Central, a medida foi um mecanismo de calote técnico, uma tentativa de furar o teto de gastos. “O mercado enxerga isso como um sinal de falta de confiabilidade, o que é terrível para a economia”, explicou Meirelles.
Segundo dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a inflação oficial começou a perder força entre outubro e novembro, quando o indicador recuou de 1,25% para 0,95%. Apesar disso, teve a maior alta para o mês desde 2015.
A inflação definida em 2021 foi quase o dobro da meta definida pelo Banco Central. Além disso, foi superior ao apontamento de especialistas que projetavam cenário pessimistas. “Quem sempre paga a conta da irresponsabilidade é o trabalhador, que tem seu poder de compra corroído pela inflação e não vê seu salário ser reajustado. Ao contrário, vive assombrado pela possibilidade do desemprego em uma economia estagnada”, finalizou o ex-ministro da Fazenda.