COMPARTILHAR

Cerca de 470 mil brasileiros têm a possibilidade de recuperar suas perdas causadas pelos planos econômicos Bresser, Verão, Collor I e Collor II ainda em 2023. De acordo com a pesquisa da Frente Brasileira Pelos Poupadores (Febrapo), os valores a serem recuperados podem variar de R$ 3 mil a R$ 100 mil.

Das 470 mil que ainda podem aderir, cerca de 70% têm direito a receber até R$ 30 mil, aponta a Febrapo. Mais de 300 mil pessoas já foram beneficiadas pelo acordo coletivo. “É um volume significativo de pessoas que ainda podem se beneficiar e obter justiça financeira depois de tanto tempo de espera. Aderir ao acordo é a maneira mais rápida, segura, garantida e justa de finalizar o processo judicial”, explicou  Carolina Seleme, diretora executiva da Febrapo.

O acordo de adesão é voluntário e gratuito. Segundo a Febrapo, os poupadores que optarem por não aderir ao acordo continuam com suas ações, mas sem garantia ou previsão de ressarcimento, já que os processos estão suspensos pelo Supremo Tribunal Federal (STF) por prazo indeterminado.

Para saber se possui processo em andamento em seu nome ou em nome de um familiar que faleceu é preciso entrar em contato com a Febrapo. Da mesma forma, aqueles que já sabem o andamento do processo e que querem realizar o acordo para receber o dinheiro também devem entrar em contato com a entidade. Os contatos são: Telefone: 0800 775 5082 ou (11) 3164-7122 ou WhatsApp: (11) 94284-4287.

O acordo foi assinado pela Febraban (Federação Brasileira dos Bancos) e pela Consif (Confederação Nacional do Sistema Financeiro), entidades que representam as instituições financeiras.

Relembre o caso

Durante o período em que o governo buscava conter a hiperinflação no país após o “milagre econômico” de 1968 a 1973, o final da década de 1970 e o início dos anos 1980 foram caracterizados por um crescimento econômico mais baixo e alta inflação. Em 1980, os reajustes de preços ultrapassaram 100% ao ano, atingindo incríveis 82% ao mês naquela década.

O Plano Bresser, implementado em 1987 pelo então ministro da Fazenda Luiz Carlos Bresser Pereira durante o governo de José Sarney, foi uma das tentativas de controle de preços. Entre as medidas adotadas estavam juros elevados, congelamento de preços e salários, e desvalorização da taxa de câmbio, sucedendo os planos Cruzado I e II.

No governo Sarney, o Plano Verão, com a colaboração do ministro da Fazenda Maílson da Nóbrega, apresentou diferenças marcantes em relação aos planos anteriores. Incluiu o congelamento de preços por tempo indeterminado, mudanças na remuneração da poupança, controle de gastos e a introdução de uma nova moeda, o Cruzado Novo.

Fernando Collor de Mello, eleito presidente em 1989 após a primeira disputa presidencial democrática em 29 anos, enfrentou uma inflação anual superior a 1.900%. Para reverter a situação, Collor implementou diversas ações, como controle do câmbio, privatização de empresas públicas, redução de ministérios e a mudança da moeda de Cruzado para Cruzeiro.

A medida mais drástica foi o confisco da caderneta de poupança, onde o governo reteve os fundos dos poupadores, prometendo devolvê-los após 18 meses com juros. No entanto, essa promessa não foi cumprida, levando os prejudicados a buscarem a recuperação desses valores até os dias de hoje.