A maioria dos deputados federais da bancada goiana votou a favor da retomada dos trechos que podem elevar a conta de luz de projeto de lei que tratava do incentivo a produção de energia eólica em alto-mar na última terça-feira, 17. Durante a tramitação, foram incluídos artigos que não correspondem ao tema original, chamados de “jabutis”.

O deputado Zacharias Calil (UB) disse que foi enganado, como todo o resto da oposição, e que o detalhe passou “desapercebido”. Votaram com a cédula da oposição e agora o governo revogará por Medida Provisória, explicou o parlamentar. “Até o Nikolas [Ferreira] caiu”, ressaltou.

Magda Mofatto (PRD) explicou que, na verdade, esse foi um golpe do governo. “Com relação a isso está resolvido, mas o que aconteceu é inaceitável. Ninguém aceita isso. Todos nós caímos no golpe do governo. Todos nós estamos bravos com isso. Quem quer aumentar o valor da conta de energia para quem trabalha nesse país”, constatou. O governo, agora, vai enviar para o Congresso uma medida provisória que barra o aumento de energia avalizado pelo Congresso.

Por outro lado, a deputada Flávia Moraes (PDT) votou pela manutenção do veto do presidente Lula divergindo da orientação do próprio partido. “Eu votei pela manutenção do vento, porque ali já estava orientado que a derrubada acarretaria no aumento da conta de luz e então pedi para retificarem a minha cédula de votação item a item para que a minha posição ficasse clara”, afirmou Moraes ao Jornal Opção.

Na prática, os trechos aumentam 3,5% na conta de luz para os consumidores, cerca de R$ 197 bilhões – até 2025, R$ 7,8 bilhões ao ano. Dentre os 17 parlamentares de Goiás, 12 foram a favor, 2 contra e 2 não votaram.

Os que votaram pelo aumento: Marussa Boldrin (MDB), Daniel Agrobom (PL), Professor Alcides (PL), Magda Moffato (PRD), Ismael Alexandrino (PSD), Leda Borges (PSDB), Zacharias Calil (UB), Silvye Alves (UB).

Já os que votaram contra: Célio Silveira (MDB), Flávia Moraes (PDT), Glaustin da Fokus (Podemos), Adriana Accorsi (PT) e Rubens Otoni (PT). Por outro lado, os que não votaram foram: Adriano Baldy (PP) e José Nelto (UB). A reportagem não conseguiu encontrar informações das votações dos deputados Gustavo Gayer (PL) e Jefferson Rodrigues (Republicanos).

Contramedida

Em resposta, o líder do governo no Congresso, o senador Randolfe Rodrigues (PT-AP), informou que o governo federal prepara uma Medida Provisória (MP) para impedir o aumento na conta de energia. O parlamentar confirmou a informação após uma reunião, nesta quinta-feira (18), entre o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), e os representantes do Executivo.

Randolfe apontou que a iniciativa partiu de Alcolumbre para ouvir as prioridades do governo dentro do Legislativo e fazer uma avaliação da sessão do Congresso, nesta terça-feira (17). O senador afirmou que a decisão do Congresso pela prorrogação por 20 anos dos subsídios concedidos para pequenas hidrelétricas e parques de energia de biomassa e de energia eólica.

O senador explicou que com a derrubada do veto do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) a essa prorrogação, resulta em uma elevação da conta de luz. A medida repercutiu nas redes sociais e na imprensa, destacou Randolfe.

“O governo deve editar uma MP para impedir que esses vetos derrubados tragam impacto na conta de luz dos brasileiros. Há um consenso: nenhuma medida pode trazer impacto sobre a conta de energia e sobre a inflação”, disse o líder em coletiva.

O petista lembrou que na reunião Davi falou que vai designar representantes das duas casas legislativas para tratar dessa nova MP com o governo. Randolfe revelou que a tendência é que o representante do Senado seja o senador Eduardo Braga (MDB-AM).

O senador acrescentou que o governo deve enviar a MP ao Congresso em até 15 dias, a depender das negociações com os parlamentares. “O que o governo quer, com a maior urgência, é que 60 milhões de brasileiros não paguem mais pela energia elétrica”, finalizou Randolfe.

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