Maduro cria prêmio próprio e se autoproclama “Arquiteto da Paz” na Venezuela
19 dezembro 2025 às 17h38

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O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, criou uma condecoração própria inspirada no Prêmio Nobel da Paz e se autoproclamou “Arquiteto da Paz” durante um evento oficial realizado nesta sexta-feira, 19, em Caracas. A homenagem ocorreu uma semana após a líder da oposição venezuelana, María Corina Machado, receber um prêmio internacional na Noruega.
Em vídeo divulgado nas redes sociais, Maduro aparece recebendo uma medalha entregue por integrantes da Sociedade Bolivariana da Venezuela. Ao agradecer a honraria, o presidente afirmou que a paz seguirá como eixo central de seu governo. “É um grande compromisso. A paz será meu porto, minha glória e meu desejo. Será sempre nossa vitória”, declarou.
Durante a cerimônia, uma apoiadora afirmou que a condecoração teria sido concedida por unanimidade e atribuiu a Maduro a responsabilidade pela “paz da Venezuela, da América Latina e do mundo inteiro”. O prêmio, até então desconhecido, não tem reconhecimento internacional.
O episódio ocorre em meio ao aumento da pressão internacional sobre o governo venezuelano, especialmente por parte dos Estados Unidos. Em entrevista recente, o presidente norte-americano Donald Trump afirmou não descartar um confronto militar com a Venezuela. Dias antes, Trump anunciou o cerco a petroleiros ligados ao país e determinou o bloqueio total de embarcações alvo de sanções que entram e saem do território venezuelano.
Em resposta, o governo de Maduro classificou as declarações como “ameaças grotescas” e afirmou que o bloqueio é “absolutamente irracional”, além de violar normas do comércio internacional e da livre navegação. O Palácio de Miraflores informou que recorrerá à Organização das Nações Unidas (ONU) para denunciar o que considera uma grave violação do Direito Internacional.
“A Venezuela reafirma sua soberania sobre todas as suas riquezas naturais e o direito à livre navegação e ao livre comércio no Mar do Caribe e nos oceanos do mundo”, diz o comunicado oficial. O texto também afirma que o país não voltará a ser “colônia de império algum”.
As tensões entre os dois países se intensificaram nos últimos meses. Desde agosto, os Estados Unidos ampliaram a presença militar no Caribe, inicialmente sob a justificativa de combate ao tráfico internacional de drogas. Trump também acusa o governo Maduro de utilizar o petróleo para financiar um “regime ilegítimo” e atividades criminosas.
Mesmo sob sanções impostas desde 2019, a Venezuela segue exportando cerca de 1 milhão de barris de petróleo por dia. Segundo especialistas, parte desse volume é escoada por meio de embarcações conhecidas como “navios fantasmas”, que alteram nomes e bandeiras para driblar as punições internacionais.
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