O prefeito eleito de Goiânia, Sandro Mabel (UB), concedeu coletiva de imprensa nesta quarta-feira, 6, após reunião da comissão de transição e fez um diagnóstico sobre a situação financeira e administrativa da cidade. Entre os temas abordados, destacou-se a grave crise enfrentada pelo Instituto Municipal de Assistência Social do Servidor de Goiânia (IMAS), falou em reestruturação do instituto e também afirmou que não pretende nomear nem 50% do atual quadro de funcionários comissionados que a Prefeitura.

“A situação de Goiânia é bem mais complicada do que esperávamos. Não é só a minha preocupação, mas também do Tribunal de Contas dos Municípios (TCM) e do Ministério Público. Temos problemas estruturais em todas as áreas”, afirmou Mabel.

Nesta semana, o Jornal Opção publicou com exclusividade que o IMAS acumula uma dívida de R$ 227,1 milhões, além da inadimplência da Comurg com o próprio Instituto. Mabel comentou sobre os números e falou em um projeto de restruturação.

“A Comurg deve R$ 35 milhões para o IMAS e a Prefeitura, por vezes, também não paga. A gestão está literalmente fazendo mágica para decidir o que será quitado. O atendimento está precário porque falta dinheiro e política adequada. Vamos enviar um projeto para reestruturar o IMAS e equilibrar as contas, garantindo que o funcionário, que já tem o desconto em folha, receba o serviço devido”, explicou.

O prefeito eleito afirmou que o início de sua gestão será marcado por cortes de despesas e ações emergenciais. “Não vamos nomear nem 50% dos cargos comissionados. Teremos que reduzir despesas em todas as áreas. Não posso repassar custos para o contribuinte. Meu foco será organizar a cidade sem aumentar impostos”, disse.

Mabel se disse confiante na capacidade de reverter o cenário: “Será um começo muito duro, mas estou animado. Vamos arrumar essa cidade. Vai exigir coragem, e eu tenho”, concluiu.

Crise no IMAS

De acordo com um relatório, que o Jornal Opção obteve acesso com exclusividade,  “as despesas foram maiores que as receitas informadas, evidenciando déficit orçamentário constante, que contribuiu com o endividamento do Imas”. A reportagem ouviu interlocutores da Prefeitura e também da equipe de transição que afirmam que a dívida foi gerada por repasses insuficientes para o custeio do plano de saúde além da ingerência no instituto.

O Imas tem 33.415 titulares, que são servidores da ativa, aposentados, pensionistas e servidores da Companhia de Urbanização de Goiânia (Comurg). Dependentes somam 36.568 pessoas que incluem cônjuges e filhos menores de 21 anos; já os agregados são 8.636 que são filhos maiores de 24 anos, pais, irmãos, netos de servidores efetivos. Ao todo são 78.619 beneficiários.

A falta de repasses do valor patronal além do que é descontado direto no salários dos servidores é o principal problema. Conforme apurado pela reportagem, os valores ficam retidos ou não são repassados pelas secretarias. Entre as pastas com mais beneficiários estão a Educação com 9.825 pessoas, Saúde com 5.534 e a Comurg com 3.616 beneficiários.

A Secretaria Municipal de Saúde (SMS) é a pasta que tem a maior dívida com o Imas, mas o relatório ao qual a reportagem teve acesso não detalha o montante. Oliveira confirmou que a SMS tem valores pendentes para serem repassados ao Imas.

Um interlocutor da Prefeitura disse, sob reserva, que a pasta não faz as ordens de pagamento e o valor fica retido na Secretaria de Finanças. Ainda segundo o relatório, a rede credenciada do Imas tem 503 prestadores cadastrados, mas apenas 257 estão atendendo.

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