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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) pediu ao presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que a sobretaxa de 40% imposta a produtos brasileiros seja suspensa já na fase de negociação entre os dois governos. A informação foi confirmada neste domingo, 12, em Aparecida (SP), pelo presidente em exercício Geraldo Alckmin (PSB).

“O pedido do presidente Lula para o presidente Trump foi que, enquanto negocia, suspenda os 40%. Esse foi o pleito”, afirmou Alckmin a jornalistas.

A conversa telefônica entre Lula e Trump ocorreu no último 6 de outubro, e marcou o início de um processo de negociação bilateral para reduzir as tarifas impostas aos produtos brasileiros exportados aos Estados Unidos.

Marco Rubio liderará negociações pelo lado americano

Durante a ligação, Trump designou o secretário de Estado Marco Rubio para conduzir as tratativas com os ministros brasileiros Geraldo Alckmin, Mauro Vieira (Relações Exteriores) e Fernando Haddad (Fazenda).

Alckmin disse não acreditar que Rubio vá dificultar o processo.

“A orientação do presidente Trump foi muito clara. Nós queremos fazer um diálogo e entendimento. E o Brasil sempre defendeu isso”, declarou.

Segundo o governo brasileiro, 42% das exportações nacionais para os Estados Unidos não foram afetadas pelas novas tarifas. No entanto, cerca de 34% dos produtos produzidos no país estão sendo diretamente impactados pela sobretaxa de 40%.

Reunião em Washington e próximos passos

O ministro Mauro Vieira deve se reunir com Marco Rubio na próxima sexta-feira, 17, em Washington, para discutir o chamado “tarifaço” e outras medidas restritivas impostas contra autoridades brasileiras, incluindo sanções da Lei Magnitsky e revogação de vistos.

Além das conversas técnicas entre as equipes diplomáticas e econômicas, Lula e Trump também planejam um novo encontro presencial. O presidente brasileiro sugeriu que a reunião possa ocorrer durante a Cúpula da ASEAN, na Malásia, mas também se mostrou disposto a viajar aos Estados Unidos.

Contexto da sobretaxa

As tarifas impostas pelo governo norte-americano fazem parte de uma política de proteção comercial ampliada por Trump desde o início de seu novo mandato, atingindo também produtos da China e de outros países emergentes. A medida provocou reações em várias nações, e a China já prometeu retaliações caso as sobretaxas de até 100% sobre produtos chineses sejam mantidas.

Para o Brasil, o impacto recai sobre setores industriais e agrícolas, que veem na retomada do diálogo diplomático uma chance de reverter as restrições e preservar o fluxo comercial entre os dois países.