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O ex-motorista de caminhão Vanderson de Melo, mentorado pelo ex-coach e candidato à Prefeitura de São Paulo em 2024 Pablo Marçal, é acusado de desaparecer com 40 caminhões que estão sendo procurados pela Justiça em cinco estados brasileiros. Vanderson, que se apresenta como influenciador, empreendedor e “legendário”, apoiou publicamente a campanha de Marçal, participando de eventos com o candidato, como debates televisivos e até pescarias.

Durante uma palestra, Marçal exaltou a trajetória do aliado: “Ele era motorista de caminhão. Hoje, tem uma das maiores empresas de logística da América Latina. Este ano de 2024 já vai bater 2 mil placas de caminhão”, afirmou.

Vanderson usa sua história como exemplo de sucesso em palestras e nas redes sociais, onde se apresenta como investidor, palestrante e fundador do Grupo Brasil Novo. Em vídeos, exibe o caminhão que chama de “frota zero um”, símbolo de sua suposta ascensão, e inspira pouco mais de 4 mil seguidores com relatos de superação.

Esquema de fraude

Em 2020, a empresa de Vanderson firmou contrato com uma gigante do setor de logística para alugar 40 caminhões. Com a crise financeira que se seguiu, ele deixou de pagar as mensalidades, acumulando uma dívida de R$ 7,2 milhões, e não devolveu os veículos. A Justiça então autorizou buscas e apreensões para recuperar a frota.

Desde então, apenas 22 caminhões foram localizados — alguns com placas trocadas, outros escondidos em locais remotos e sem rastreamento por GPS. Em alguns casos, a fraude envolvia substituir as placas dos caminhões bloqueados por outras livres de restrições judiciais, permitindo que continuassem circulando sem serem detectados pelos credores.

Em episódios recentes, caminhões foram flagrados com placas frias pela Polícia Rodoviária Federal em rodovias no Rio Grande do Sul. Em Barueri (SP), advogados acompanhados de um oficial de Justiça presenciaram funcionários trocando as placas dos caminhões assim que perceberam a chegada da equipe jurídica. Veículos também foram encontrados cobertos por lonas em terrenos no Pará e em estados como Mato Grosso, Santa Catarina e Maranhão. Em outro episódio, dois caminhões foram vistos sendo transportados na caçamba de outro caminhão, mas conseguiram escapar antes da apreensão.

Resposta e crise

Após a denúncia ganhar repercussão, Vanderson publicou vídeos nas redes sociais afirmando que sua empresa enfrenta um “blackout financeiro” e estuda reduzir a operação. Ele não comentou as trocas de placas ou apreensões, mas disse que a situação decorre apenas das dificuldades financeiras enfrentadas pelo negócio.

“Quando se faz algo que tem uma trajetória de sucesso, ninguém dá importância. Agora, quando acontece qualquer deslize ou momento de dificuldade, todo mundo joga a primeira pedra”, declarou em vídeo.