Juiz que atuou na Lava Jato é flagrado furtando garrafas de champanhe em SC; vídeo
16 dezembro 2025 às 12h24

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O juiz federal Eduardo Appio, da 18ª Vara de Curitiba e que atuou na Operação Lava Jato, foi flagrado furtando três garrafas de champanhe em um supermercado de Blumenau, em Santa Catarina. Câmaras de segurança registram os episódios, que ocorreram em momentos distintos. Por causa disso, ele foi suspenso do cargo.
Nas imagens, é possível observar que o juiz circula entre as gôndolas do estabelecimento de camiseta azul e bermuda. Ele para no setor de bebidas e pega uma garrafa de champanhe francês, que custa R$ 399. O juiz chega a andar com a garrafa na mão pelos corredores antes de colocá-la dentro de uma sacola.
Em outro momento da gravação, ele aparece na rampa que leva ao estacionamento, quando é abordado por dois seguranças. Ele retorna ao supermercado acompanhado pelos homens, é levado para uma sala e os segurança encontram a garrafa de champanhe, que é colocada em cima da mesa. Ele mostra um cartão aos funcionários, mas o caso é encaminhado à Polícia Civil do Paraná de Santa Catarina.
Reincidente
As investigações apontam que não foi o primeiro furto de bebida do juiz. As imagens ainda mostram outros dois episódios do mesmo crime. O primeiro caso teria acontecido no dia 20 de setembro. As imagens mostram o momento que Eduardo vai à sessão de bebidas, pega uma garrafa enquanto segura sacolas. Em outro corredor do supermercado, ele se abaixa e mexe nelas. Na sequência, ele vai embora sem pagar nada, passando direto pelo caixa.
Já no dia 4 de outubro, os registros de videomonitoramento mostram o homem também na sessão de bebidas e com sacolas. Ele pega uma garrafa da mesma marca. Outra câmera flagra o homem no caixa, passando um urso de pelúcia, mas é possível ver a garrafa dentro da sacola, que não é paga.
Ao g1, Eduardo Appio disse que sofre perseguições e que o caso é “fake news”. “Sou testemunha no STF em inquéritos policiais contra o Senador Sergio Moro (apuração, pelo CNJ em 2024, de um desvio auditado de 5 bilhões de reais da 13ª Vara Federal de Curitiba, com a finalidade de constituir uma fundação privada em Curitiba). Descobri este desvio e comuniquei ao CNJ em 2023. Hoje sofro perseguições e ofensas pessoais gratuitas por parte do Senador Sergio Moro”, afirma o juiz.
Procurado, Moro disse, por meio de nota, que “o juiz Appio vive em um mundo de fantasias. Nenhuma das acusações dele resultou em denúncia contra mim. Não tenho culpa se ele resolveu furtar champanhes em supermercado por três vezes.”
O caso passou da Polícia Civil para o TRF, uma vez que apenas o órgão pode investigar magistrados de primeiro grau.
Outros afastamentos
Em fevereiro de 2023, Appio assumiu a 13ª Vara Federal de Curitiba, substituindo Sérgio Moro. A Vara é berço da Operação Lava Jato. Ele foi afastado cerca de dois meses depois, após uma representação do desembargador federal Marcelo Malucelli, que afirmou que o filho dele, João Eduardo Barreto Malucelli, recebeu uma ligação com “ameaças” feitas por Appio.
João Eduardo é sócio de Moro. O pai dele, Marcelo Malucelli, se declarou suspeito de analisar casos que envolvem a Lava Jato em abril daquele ano. Segundo o Conselho do TRF-4, há indícios de que Appio tenha feito o telefonema para o filho de Marcelo Malucelli.
O processo disciplinar foi arquivado pelo CNJ em janeiro de ano passado. Ele aconteceu dois meses depois dele firmar um acordo no qual admite que teve conduta imprópria, mas sem detalhar que conduta foi essa.
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