Jovem de 23 anos perde bebê, sofre complicações graves e família pede transferência urgente do Hemu

16 agosto 2025 às 16h00

COMPARTILHAR
A família de Gleissiane Andrade de Jesus, de 23 anos, enfrenta um drama que já dura semanas. Moradora de Heitoraí, no interior de Goiás, a jovem perdeu o bebê durante a gestação e desde então luta pela vida. Internada no Hospital Estadual da Mulher Jurandir do Nascimento (Hemu), em Goiânia, ela está entubada e em estado crítico. Os médicos afirmam que a situação exige transferência imediata para uma unidade que disponha de especialista em reumatologia, mas até agora não há vaga disponível.
De acordo com a prima Priscila Andrade de Oliveira, Gleissiane já havia enfrentado problemas de saúde desde a adolescência. “A Gleissiane sempre teve um probleminha de sangue quando mais nova, teve reumatismo, e aí ela já deu chikungunya e ficou muito mal, ela sempre deu indícios que tinha um probleminha de sangue, assim, só, mas é uma menina muito forte”, relatou ao Jornal Opção.
O primeiro aborto espontâneo ocorreu ainda na juventude, após três meses de gestação. Na ocasião, segundo a família, o hospital não realizou curetagem nem exames mais detalhados. “Ela foi no hospital e tal, não fizeram coleta, nada, porque disseram pra ela que é normal”, recordou a prima.
Apesar da recomendação médica de que buscasse tratamento especializado antes de tentar engravidar novamente, um ano depois, Gleiciane voltou a esperar um bebê. O início da gestação parecia dentro da normalidade, mas os sintomas logo se agravaram.
Por volta do quinto mês, Gleissiane começou a apresentar febre constante. Embora os exames de ultrassom mostrassem desenvolvimento normal do feto, o mal-estar da gestante aumentava a cada dia. Ela chegou a fazer o chá de bebê em um domingo, mas já estava debilitada. Poucos dias depois, precisou ser levada às pressas para o Hemu, em Goiânia.
Segundo Priscila, a família percebeu sinais de que algo mais sério estava acontecendo. “Ela já tava sentindo dormência também. Ela falava pra mim que eu ia ajudar ela a tomar banho, ela andava e deixava os chinelos saindo pra trás porque ela não sentia o pé”, contou. Mesmo assim, os sintomas eram inicialmente tratados como problemas de circulação.
No hospital, os médicos detectaram que o bebê estava em sofrimento fetal e com redução acentuada do líquido amniótico. Apesar das tentativas de estabilização, a gestação não resistiu. “Quando foi ver não tinha mais o batimento no coraçãozinho e ele perdeu muito líquido e peso”, lamentou a prima.
Após expelir o bebê de forma natural, Gleissiane permaneceu internada. Recebeu antibióticos potentes e chegou a apresentar uma breve melhora, mas logo voltou a ter febres e sinais de infecção. Mesmo assim, recebeu alta e retornou para casa, no interior.
Poucas horas depois, a jovem passou mal novamente. “Ela estava fazendo fisioterapia no interior porque ela não mexia a mão esquerda, então o lado esquerdo dela já estava paralisado… quando ela chegou em casa, ela deve ter ficado apenas umas quatro horas. Aí lá, ela parece que não conseguiu urinar, sentiu uma dor e já desacordou”, relatou Priscila.
A partir desse momento, Gleissiane precisou ser entubada e não recuperou mais a consciência.
Estado de saúde
De acordo com relatório médico, a jovem desenvolveu corioamnionite, uma infecção grave que compromete as membranas fetais, a placenta e o líquido amniótico. O quadro evoluiu rapidamente, causando vômitos, perda de consciência e falência de órgãos, o que levou à necessidade de ventilação mecânica.
Os profissionais do Hemu ressaltaram em documento que a paciente está em risco iminente de morte e precisa com urgência ser transferida para uma unidade hospitalar que disponha de equipe especializada.
O problema, segundo a família, é a ausência de profissionais de reumatologia em UTIs que poderiam recebê-la. “Eles falaram que ela precisa ir para um hospital que tem reumatologista, porque tudo indica que o problema é no sangue”, explicou Priscila.
Ela acrescentou que, embora a equipe do Hemu esteja empenhada, a falta desse especialista impede um tratamento adequado. “Eles estão fazendo de tudo por ela, mas não tem o profissional que ela precisa e nisso o tempo tá correndo e ela tá com alto risco de morte.”
Os parentes também relatam insegurança diante da falta de informações claras sobre o quadro clínico. “Foi muita coisa do nada, até hoje a gente não sabe direito, eles só falavam depois que acontecia, não explicava direito antes. Eu acho que eles não estavam tão transparentes até ela piorar”, disse a prima.
Agora, a família luta para conseguir transferência imediata, já que os médicos reforçam que o tempo é determinante. “Quando a gente vai visitar aqui, o risco dela é morte. Então assim, a gente está super perdido”, acrescentou Priscila.