Apesar das críticas ao governo, o deputado federal elogiou o decreto que deu poder a Santos Cruz de avaliar nomeações

José Nelto Foto: Fernando Leite/Jornal Opção

Para José Nelto (PODE), governo executivo faz um mau começo e parece estar prestes a explodir a todo o tempo. Em entrevista na Assembleia Legislativa de Goiás, o deputado federal analisou a atuação de Bolsonaro (PSL) e comentou o conteúdo de reunião exclusiva que teve com o Presidente. Ambos conversaram sobre a reforma da Previdência, tributária, política, penitenciária, no poder judiciário e o pacote anti crime.

De início, José Nelto criticou a “guerra de perfumaria” em que o mandatário entrou. “O Brasil está quebrado, os estados também; há uma dívida de 22 bilhões mais juros sobre juros aqui em Goiás; os municípios sem saúde ou educação; e o governo numa guerra ideológica. Isso não vai oferecer nenhuma saída para o país”, afirmou o deputado federal. Recomendou ainda que Jair Bolsonaro faça como Nelson Mandela fez ao deixar os 27 anos de presídio, deixe o ódio e o rancor contra seus detratores para trás e abrace toda a nação para conseguir a paz.

Notando o descontentamento de diversos parlamentares com o posicionamento de suas bancadas e assustado com a polarização entre esquerda e direita no Congresso Nacional, José Nelto comentou a criação de uma aliança entre deputados que se identificam com o reformismo progressista. O grupo reúne membros dos partidos Novo, PROS, Cidadania, PV, PSC e Patriota se prepara para a votação de reformas como a da previdência.

“Esse grupo não é governo e não é centrão. Ele quer o melhor para a nação, não vamos votar reforma trocando cargos e emendas, é um grupo de pensadores independentes. Quem vota Previdência trocando cargo e emenda não sabe o que está fazendo – a reforma não é para mim, é para meus filhos e netos e bisnetos, tem de ser patriota para votar essa reforma da previdência”, afirmou José Nelto.

Falta de diálogo

Sobre as articulações na Câmara, o deputado do Podemos afirmou se incomodar com a falta de colaboração do executivo: “Se depender do presidente, nada é aprovado no Congresso Nacional. Você tenta uma abordagem e ela não dura nem uma hora até vir um tweet do Palácio do Planalto, uma palavra mal colocada, e acabar com tudo. Aí você tem de começar de novo”. José Nelto, que acredita precisar votar a reforma antes do recesso parlamentar, explicou sua luta contra o tempo com uma alegoria: “é como um médico que começa a fazer uma cirurgia, sentiu fome e largou o paciente aberto para ir almoçar”.

Entretanto, o parlamentar tem expectativas de um resultado favorável para a reforma. “Samuel Moreira (PSDB), relator da reforma, é um político hábil e sensato. Ele está ouvindo todos os lados e há um grupo de parlamentares que entende que a reforma tem de ser votada depois de muito debate”, afirmou ele. A natureza do debate, segundo José Nelto, passa por acenar para investidores. “A nação quer segurança jurídica para que haja investimentos, é o que nós queremos também. Temos uma legião de 13 milhões de desempregados e se não atrairmos investidores, vamos criar convulsão social”.

Sobre seu cenário ideal, José Nelto afirmou que ele e o grupo do qual faz parte querem livrar dos cortes o benefício assistencial ao idoso e à pessoa com deficiência (BPC), juntamente com trabalhadores rurais e professores. “Isso não é desidratar a reforma, mas professores nos custam 12 bilhões em 10 anos. As desonerações fiscais chegam a 380 bilhões, ou seja, professores representam 1% – não precisamos mexer com eles, você pode preservar a inteligência do país”.