Principais agências de notícias do mundo divulgam comunicado denunciando que jornalistas estão passando fome em Gaza

24 julho 2025 às 15h17

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As agências de notícia BBC News, Agence France-Presse (AFP), Associated Press (AP) e Reuters divulgaram comunicado expressando profunda preocupação com os jornalistas em Gaza que, segundo elas, estão cada vez mais sem condições de alimentar a si mesmos e suas famílias. As agências dizem que aqueles que estão cobrindo o conflito a partir de Gaza agora enfrentam a fome e “as mesmas condições extremas das pessoas que estão cobrindo”.
“Há muitos meses, esses jornalistas independentes têm sido os olhos e ouvidos do mundo em Gaza”, diz o texto.
Em meio ao genocídio imposto por Israel em Gaza, jornalistas da AFP que ainda estão no território afirmaram que vão “morrer de fome”. Nesta semana, a ONU denunciou um “show de horrores” e disparada de desnutrição em Gaza. Além disso, mais de 100 ONGs denunciam “fome em massa”. Israel diz não ter identificado fome extrema em Gaza e nega acusações. No entanto, admitiu que pouca ajuda chega aos palestinos, e culpou a ONU por isso.
A crise alimentar foi confirmada pela ONG Médicos Sem Fronteiras, que relatou níveis sem precedentes de desnutrição aguda em duas clínicas mantidas na região, uma na Cidade de Gaza, no norte, e outra em Al-Mawasi, no sul da região. Mais de 700 mulheres grávidas e lactantes e quase 500 crianças estão em situação de desnutrição moderada ou grave.
Em uma das unidades, o número de crianças desnutridas entre 6 e 23 meses triplicou entre maio e julho, chegando a 326 casos. “É a primeira vez que testemunhamos uma prevalência tão grave de casos de desnutrição em Gaza. A fome poderia acabar amanhã se as autoridades israelenses permitissem a entrada suficiente de alimentos”, disse o coordenador clínico da ONG, Mohammed Abu Mughisib.
Em carta assinada pela Sociedade de Jornalistas da AFP (SDJ), a agência alertou que seus últimos repórteres que estão em Gaza estão próximos a morrer de fome. “Vemos a situação deles piorar. São jovens, estão perdendo peso e muitos já não têm mais forças físicas para trabalhar. Pedir ajuda virou parte da rotina diária”, afirma a nota. “Se nada for feito imediatamente, os últimos jornalistas em Gaza vão morrer”.
Leia a íntegra do comunicado
“Estamos extremamente preocupados com nossos jornalistas em Gaza, que estão cada vez mais incapazes de alimentar a si mesmos e a suas famílias. Há muitos meses, esses jornalistas independentes têm sido os olhos e ouvidos do mundo em Gaza. Agora, enfrentam as mesmas condições extremas das pessoas sobre as quais estão fazendo a cobertura. Jornalistas já enfrentam muitas privações e dificuldades em zonas de guerra. Estamos profundamente alarmados com o fato de que a ameaça de fome passou a ser mais uma delas. Mais uma vez, apelamos às autoridades israelenses que permitam a entrada e saída de jornalistas em Gaza. É essencial que suprimentos adequados de alimentos cheguem à população local.”
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