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Após reduzir pela metade o número de ministérios em comparação com o governo anterior na Argentina, o presidente ultraliberal Javier Milei cortou mais uma pasta no último sábado, 27. O ministro da Infraestrutura, Guillermo Ferraro, foi demitido e a pasta será absorvida pela da Economia. A informação, que vinha sendo noticiada pela imprensa local com base em fontes do governo, foi confirmada pelo Gabinete da Presidência.

“Nos próximos dias, o ministro da Infraestrutura, Guillermo Ferraro, apresentará sua renúncia por motivos pessoais”, afirmou o órgão em uma publicação em seu perfil oficial no X. Com a mudança no 1º escalão, o número de ministério do governo argentino cai para 8, como Milei havia prometido durante a campanha.

Antes disso, na sexta-feira, 26, Milei havia interagido com uma postagem na mesma plataforma que fazia menção à mudança. “Milei se livrou de um infiltrado, premiou o ministro que mais trabalha e fechou um Ministério. Tudo na mesma jogada. Infraestrutura passa a ser Secretaria e fica sob Caputo [ministro da economia], que ganha mais poder no governo”, diz o usuário na mensagem, que ganhou uma curtida do presidente argentino.

Conhecido de Milei há mais de 15 anos, Ferraro foi um dos primeiros nomes confirmados para o primeiro escalão do governo, ainda antes do segundo turno das eleições. A pasta que ele depois assumiu foi chamada de “megaministério” pela imprensa argentina em razão de sua abrangência (secretarias de Transporte, Obras Públicas e Comunicação).

Apesar do anúncio sem alardes do governo, a imprensa local atribui a demissão ao vazamento dos bastidores de uma reunião de gabinete. Segundo fontes ouvidas pelos principais veículos argentinos, Milei culpa Ferraro por tornar pública uma declaração sua durante o encontro. “Vou deixá-los sem um tostão”, teria afirmado o presidente sobre os governadores das províncias em meio às negociações para a aprovação da “lei ônibus”, projeto que tem como principais objetivos a desregulamentação da economia e o corte de gastos públicos. O texto, que recebeu um parecer favorável de comissões da Câmara dos Deputados, deve ir a plenário na próxima semana.

Guilherme Ferraro

O administrador ocupou diversos cargos públicos antes de se juntar ao ultraliberal. Em 2009, integrou o Ministério da Fazenda do Governo da Cidade de Buenos Aires e, entre 2002 e 2003, foi Subsecretário de Indústria na gestão do ex-presidente argentino Eduardo Duhalde. Além disso, de 2005 a 2007, quando Néstor Kirchner estava no poder, foi presidente da estatal Nación Servicios, voltada para serviços de tecnologia.

Nos últimos 13 anos, o doutor em ciências econômicas trabalhou como diretor na KPMG Argentina, uma empresa global especializada em fornecer serviços de auditoria e consultoria.Em entrevista à rádio argentina Mitre, Ferraro havia afirmado que seu objetivo à frente do ministério seria estimular a participação do setor privado e diminuir a interferência do Estado na área.