Intérpretes, locutores, atendentes e até repórteres: confira a lista de 40 profissões mais impactadas pela IA na visão da Microsoft
07 novembro 2025 às 07h50

COMPARTILHAR
A Microsoft realizou um estudo para identificar as profissões mais suscetíveis à transformação ou até extinção devido à Inteligência Artificial (IA). Segundo a empresa, funções que dependem fortemente de linguagem, produção de conteúdo, computação, matemática, comunicação ou tarefas repetitivas relacionadas a informações são as mais vulneráveis.
Para elaborar a lista das 40 profissões mais impactadas, a Microsoft analisou 200 mil conversas anônimas de usuários com seu assistente de IA. A metodologia permitiu identificar as tarefas mais solicitadas à ferramenta, avaliar o desempenho da IA nessas atividades e mensurar a parcela de trabalho que a tecnologia já realiza.
Segundo Ivone Borges, professora de Tecnologia da Escola do Futuro Luiz Rassi, essa transformação não se restringe aos Estados Unidos e já é perceptível no cotidiano de Goiânia. Especialista em Logística e Gestão Estratégica pela UEG, Ivone é atualmente mestranda em Agronegócios na UNB. “Algumas profissões voltadas para o telemarketing, por exemplo, já tem o chatbot [software que simula uma conversa humana] – que praticamente substituíram, através dessas automações. Não tem a necessidade de ter mais aquela figura do call center”, explica ao Jornal Opção.

Ivone Borges explica que essas profissões baseadas em atividades repetitivas, não só do telemarketing, mas algo que esteja relacionado a funções administrativas básicas também estão sendo impactadas. “Profissões relacionadas à leitura e interpretação de texto. Até mesmo porque a IA consegue interpretar dados e dar informações, para planejamentos ou mesmo ter uma estratégia em cima desses dados”, alerta.
Lista das profissões mais impactadas:
- Intérpretes e tradutores
- Historiadores
- Comissários de bordo
- Representantes de vendas
- Redatores e autores
- Atendentes de suporte ao cliente
- Programadores de CNC
- Operadores de telefonia
- Agentes de viagens
- Locutores e radialistas
- Escriturários de corretagem
- Educadores em gestão agrícola e doméstica
- Telemarketing
- Concierges
- Cientistas políticos
- Repórteres e jornalistas
- Matemáticos
- Redatores técnicos
- Revisores e editores de texto
- Recepcionista
- Editores
- Professores universitários de negócios
- Especialistas em relações públicas
- Demonstradores e promotores de produtos
- Agentes de vendas de publicidade
- Escriturários de novas contas
- Assistentes estatísticos
- Balconistas de atendimento e aluguel
- Cientistas de dados
- Consultores financeiros pessoais
- Arquivistas
- Professores de Economia
- Desenvolvedores web
- Analistas de gestão
- Geógrafos
- Modelos
- Analistas de pesquisa de mercado
- Operadores de telecomunicações de segurança pública
- Telefonistas
- Professores de biblioteconomia
Em países como Japão e Estados Unidos é muito mais evidente o impacto causado pela IA em área administrativas e áreas mais operacionais. Isso, também ocorre no “chão de fábrica”, das indústrias dos países mais desenvolvidos. Como o Brasil é um país de discrepâncias regionais, o ritmo e o acesso à tecnologia não é igual para todos.

Formações visando o futuro
Em Goiás, as Escolas do Futuro buscam criar possibilidades e preparar o trabalhador para essas novas profissões que também são impulsionadas com o uso da Inteligência Artificial. O perfil do aluno que chega nesses ambientes de formação profissional é de precaver que o pior ocorra: o desemprego.
De acordo com a professora de tecnologia, Ivone Borges, o curso de drone tem sido um dos mais disputados, na Escola do Futuro Luiz Rassi. Um aluno dela, que é do segmento de segurança explicou que o motivo de ter ido se qualificar é porque a empresa em que trabalha estava substituindo os postos de trabalho por operadores de drone.
“A empresa ao invés de contratar guardas, que ficariam andando ali de moto iria ter uma redução do custo. Iria investir em monitoramento online, que inclusive iria fazer os registros para algum tipo de comprovação aos moradores. Portanto, o meu aluno estava ali procurando ter essa qualificação, porque tinha consciência que a função dele de guarda fazendo ronda de moto não iria mais existir”, elucida, Ivone Borges.

Em entrevista ao Jornal Opção, o subsecretário de Inovação e Desenvolvimento Sustentável da Secretaria da Ciência, Tecnologia e Inovação (Secti), Raphael Martins, disse que Goiás possui o conjunto essencial para o que se entende como polo de IA: governo ativo (Hub Goiás com editais como o Epicentro), universidades, como CEIA/UFG e um mercado local (agro/logística) com necessidade real de soluções.
“Em outubro, lançamos um edital para o envio de startups ao evento de empreendedorismo inovador na China, chamado Hicool Summit. As startups selecionadas, além de serem de base tecnológica, a grande maioria emprega IA no desenho de soluções. Isso é o reflexo de um estado que tem se consolidado como um verdadeiro polo de IA no coração do Brasil”, destaca Raphael Martins.
China X Brasil
Na visão da professora da Escola do Futuro de Goiás há sim, uma preparação para a formação dos profissionais com o uso de novas tecnologias. Porém, ainda há diferenças culturais gigantescas. Enquanto a China praticamente trabalha com IA desde o ensino fundamental. No Brasil, especialmente, em Goiás – agora que está tendo as primeiras turmas de programadores.

“A realidade é dura e sim algumas profissões não existirão mais. Isso requer, na verdade, uma necessidade muito grande de estudo, de procura e de adaptação às tecnologias”, aponta a professora Ivone Borges.
Segundo o Raphael Martins, a IA tem mudado como as empresas operam. “De modo geral, ela ajuda a ganhar eficiência, reduzir custos e tomar decisões com mais precisão e informações práticas e acessíveis. Ainda automatiza tarefas repetitivas, antecipa falhas, melhora o atendimento e permite personalizar produtos e serviços”, explica.
Ainda segundo o subsecretário, a IA abre espaço para inovação, criando novos modelos de negócio e tornando as empresas mais competitivas. Com dados sendo usados de forma inteligente, é possível prever demandas, entender melhor o cliente e agir com mais estratégia. “No fim das contas, empresas que adotam a IA de forma estruturada trabalham melhor, gastam menos e entregam mais valor — tanto internamente quanto para o mercado”, finaliza.
Leia também: Conheça cinco carreiras em IA que prometem salários altos
