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*Colaboração de Gustavo Soares

Goiás enfrentou nos últimos meses uma temporada intensa de incêndios florestais, com condições climáticas extremas e focos em diversas regiões do estado. Segundo o comandante do Corpo de Bombeiros de Goiás, Washington Luiz, o período mais crítico durou mais de 60 dias, com um clima praticamente desértico, umidade quase zero e grandes focos de incêndio em municípios como Niquelândia, Alto Paraíso, Teresópolis e, mais recentemente, Cavalcante.

Até o momento, 15 prisões em flagrante foram registradas em todo o estado, e 70 procedimentos policiais foram instaurados. Na região da Chapada dos Veadeiros, dois casos foram confirmados: um incêndio originado por uma empresa que queimou lixo e outro causado por um pequeno produtor em área desmatada. Ambos resultaram em queimadas pequenas, de aproximadamente um hectare cada. Os demais incêndios ainda estão sob investigação, com uso de drones e imagens de satélite para identificar os responsáveis.

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Municípios com mais focos de incêndio | Foto: Guilherme Alves/Jornal Opção

Chegamos a ter mais de 350 bombeiros atuando simultaneamente no pico dos incêndios. Em Cavalcante, conseguimos extinguir o fogo próximo de parques estaduais, preservando áreas de proteção permanente”, afirmou Washington Luiz.

O governo do estado, liderado pelo governador Ronaldo Caiado e pelo vice-governador Daniel Vilela, promoveu uma ação integrada envolvendo Corpo de Bombeiros, SEMAD (Secretaria de Meio Ambiente), Polícia Militar e Polícia Civil. A iniciativa tem como objetivo combater incêndios provocados, que representam mais de 90% dos casos, segundo o comandante.

Muitos ainda não entendem que provocar incêndio é crime e traz consequências de saúde pública. A Polícia Civil tem instaurado procedimentos e efetuado prisões, enquanto a Polícia Militar atua em abordagens preventivas”, destacou Washington Luiz.

Números e impactos

Em comparação com 2024, o número de áreas queimadas em Goiás aumentou significativamente. No ano passado, aproximadamente 700 mil hectares foram afetados; neste ano, o total já chega a 870 mil hectares, 170 mil a mais.

Apesar desse aumento, uma das estratégias de maior sucesso foi a atuação conjunta do Corpo de Bombeiros com a SEMAD dentro de parques e unidades de conservação, que resultou em redução de queimadas em 70% nessas áreas protegidas.

As áreas queimadas foram majoritariamente rurais, ou seja, terras agrícolas. Conseguimos preservar nossos parques, o que demonstra que a estratégia integrada foi eficaz”, explicou Washington Luiz.

Estrutura e desafios do combate

O combate aos incêndios é dificultado pelo relevo íngreme e difícil acesso a diversas áreas. Para contornar isso, o governo investiu mais de R$ 58 milhões, incluindo a compra de UTVs 4×4, que permitem transportar água e equipamentos em trilhas de difícil acesso.

Segundo o comandante, esses investimentos foram essenciais para garantir maior eficiência e segurança para os bombeiros, e para que o trabalho fosse realizado de forma contínua até a contenção dos incêndios.

Monitoramento e prevenção

O monitoramento é feito 24 horas por dia pela Defesa Civil de Goiás, coordenada por Pedro Carlos. Sempre que detectado um foco de calor, equipes de pronto emprego são acionadas, tanto nos parques estaduais quanto em unidades do Corpo de Bombeiros espalhadas pelo estado.

Nosso trabalho é monitorar, informar as equipes locais sobre a evolução do fogo e atuar rapidamente para evitar a propagação. Até agora, não tivemos grandes incêndios em unidades de conservação, apenas em áreas rurais provocadas por ação humana”, afirmou Pedro Carlos.

Região do Brasil com alerta do Inmet | Foto: Guilherme Alves/Jornal Opção

Perspectivas para 2026

O Corpo de Bombeiros, em parceria com a SEMAD, já planeja estratégias para a próxima temporada, incluindo a contratação de brigadistas florestais municipais, que atuarão coordenados pelos bombeiros. O objetivo é manter o sucesso na preservação de parques e aumentar a eficácia no combate aos incêndios em áreas agrícolas.

O alerta continua, pois ainda enfrentamos período de seca prolongada em algumas regiões, principalmente na Chapada e no Nordeste goiano. Mesmo com previsão de chuvas, a atenção precisa continuar até novembro”, concluiu Washington Luiz.

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