III Encontro Mulheres em Campo reúne mais de 1 mil participantes e destaca protagonismo feminino no agro goiano

04 setembro 2025 às 14h49

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O III Encontro Mulheres em Campo, realizado no CEL da OAB, em Aparecida de Goiânia, mobilizou desde as primeiras horas da manhã desta quinta-feira mais de mil mulheres vindas de diferentes regiões do Estado. A iniciativa, organizada pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Rural de Goiás (Senar-GO), em parceria com a Comissão Estadual de Produtoras Rurais da Federação da Agricultura e Pecuária de Goiás (FAEG) e a Bayer, teve como tema central “A mulher como agente de transformação da realidade do campo”.
O evento contou com a presença da coordenadora do Goiás Social e primeira-dama Gracinha Caiado, do presidente da FAEG, José Mário Schreiner, da presidente da Comissão de Produtoras Rurais da FAEG, Ângela van Lieshout, além do superintendente do Senar Goiás, Dirceu Borges. O evento também reuniu dirigentes sindicais, colaboradoras e parceiras convidadas, reforçando a integração entre diferentes segmentos do agro goiano.
A programação promoveu diálogos, palestras e espaços interativos voltados ao fortalecimento das mulheres no campo. Além disso, cerca de 20 barracas de produtoras rurais foram montadas para a comercialização de produtos desenvolvidos após qualificações oferecidas pelo Senar.
Protagonismo feminino em destaque
A proposta central do evento foi valorizar a presença feminina no setor agropecuário. A programação incentivou a criação de comissões de produtoras nos sindicatos rurais e destacou o impacto econômico da qualificação, que gera renda, fortalece famílias e contribui para o desenvolvimento da região.
Durante sua fala, a primeira-dama Gracinha Caiado ressaltou a emoção de ver o auditório repleto de mulheres do agro. Em entrevista ao Jornal Opção, ela afirmou: “Eu quero parabenizar a FAEG, o presidente José Mário Schreiner, ao Dirceu do Senar, que promoveu esse evento grandioso aqui. Fiquei emocionada quando subi ali e pude ver mais de mil mulheres aqui, preparadas, que tocam o seu negócio no campo”.
Gracinha recordou sua própria experiência no meio rural, quando administrou sua fazenda aos 24 anos, enfrentando olhares de desconfiança. Para ela, o cenário mudou, e as mulheres agora conquistam espaço com determinação. “As mulheres não querem favores, o que elas querem é oportunidade, são ferramentas para poder trabalhar, colher, plantar o seu negócio e é isso que está sendo feito aqui, nada mais importante do que a capacitação chegar perto de você.”
Ela também ressaltou o impacto econômico gerado pelos cursos de qualificação. “Eu passei ali, eu vi a qualidade de todos os produtos, desde a qualidade do sabor como da apresentação do produto. Então isso se traduz em que? Em renda, isso se traduz em uma mudança na vida daquela família e é essa a importância desse evento aqui enorme, é exatamente transformar a vida e é isso que a FAEG está fazendo.”
Gracinha frisou ainda a forma como a força feminina transforma a realidade rural, mesmo diante das dificuldades: “Você vê que a vida do campo é uma vida maravilhosa, mas não é uma vida fácil, é uma vida que você tá sujeita ao sol, às chuvas, ao crédito, que muitas vezes é extremamente difícil e ela tá lá trabalhando, então eu ver essas mulheres nessa garra, trabalhando nisso, é uma alegria enorme.”
O superintendente do Senar Goiás, Dirceu Borges, lembrou que a terceira edição do evento demonstra o crescimento da iniciativa. Ele destacou que o encontro começou reunindo pouco mais de 260 mulheres, passou para 500 na segunda edição e, neste ano, alcançou a marca de mil participantes.
“O Senar Goiás tem vários programas voltados para a capacitação das mulheres do agronegócio. E aí surgiu essa ideia de realizar um encontro com essas mulheres, oriundo das egressas dos cursos do Senar, dessas capacitações (…) A gente está vendo a mulher cada vez ocupando lugares de destaque dentro do negócio, nas tomadas de decisões, e é isso que a gente visa fazer em um encontro como esse”, afirmou Borges.

Dirceu reforçou a importância do networking e da troca de experiências entre produtoras de diferentes regiões. “Nós temos mulheres aqui de Goiás inteiro, praticamente dos 246 municípios. A realidade de uma produtora de São Domingos, Campos Belos, não é a mesma realidade de uma produtora ali de Rio Verde, de Mineiros, essa troca de experiência é enriquecedora.”
Ele também sublinhou o impacto do protagonismo feminino: “Nós temos visto que hoje 30% das propriedades já estão nas mãos das mulheres. A gente quer crescer ainda mais porque a gente tem visto que quando a mulher toma frente do negócio, o negócio vai bem melhor.”
Comissão FAEG Mulher e valorização da liderança
Já a presidente da Comissão das Produtoras Rurais da FAEG Mulher, Ângela van Lieshout, celebrou o crescimento do evento e o engajamento feminino. Para ela, reunir mil mulheres simboliza um aumento e importância da busca por reconhecimento e representatividade no campo.
“Eventos como hoje mostram que a gente está no caminho certo. Ter mil mulheres aqui hoje é sinal de que elas querem fazer a diferença dentro das suas famílias, das suas propriedades. E poder proporcionar um dia como esse para elas, isso me deixa muito orgulhosa e muito feliz, porque realmente é um reconhecimento do trabalho.”
Ela também falou sobre o papel da comissão desde 2023. “A gente está no nosso quadriênio, é o penúltimo ano da minha gestão e da gestão do meu time. O mais importante desse trabalho é fazer com que as mulheres, as produtoras rurais do estado de Goiás passem a saber que existe uma federação por elas onde elas podem ir buscar apoio, onde elas podem buscar capacitação.”
Para Ângela, a essência do trabalho está em estimular a confiança e o acesso à capacitação. “Esse despertar para elas acreditarem nisso e terem confiança foi o principal do nosso trabalho. Momentos como esse geram um network muito grande, porque numa troca de conversa, falam, ‘ah, na tua propriedade tu faz isso, nossa, eu vou fazer na minha.”
Histórias que inspiram
Além das lideranças, produtoras rurais que participaram dos cursos de qualificação do Senar compartilharam suas experiências. Entre elas, Keila Luiz da Cruz, da Fazenda Capoeirão, em Americano do Brasil, destacou como os cursos do Senar foram decisivos para profissionalizar sua agroindústria de doces.

“O profissional mesmo veio após o curso, antes eu fazia, mas era só os doces mais comuns de leite, de frutas, não cristalizadas, mas aí com o treinamento aprendi a processar as frutas, fazer doces de forma artesanal e cristalizados. A qualificação foi muito importante pra mim.”
“O intuito do Senar é isso, né? Pegar a gente lá da zona rural, pegar o que a gente tem, transformar em doces de forma artesanal e transformar tudo isso em renda familiar.”

Já Laura Morais Carvalho, de Santa Rita do Araguaia, contou sua experiência recente com a bijuteria. “Eu já trabalhava com artesanato, desenhos em cabaça, e aí, junto com a bijouteria, isso está só agregando valor na banca. Eu participo de feiras sempre que tenho oportunidade, o pessoal do Senar me convida e estou participando de feiras. Ajudou muito e é um presente esse evento com as mulheres e é uma amizade que vamos construindo, é muito bom.”
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